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Como entrar na universidade?

Matheus Piggozi/Agência Mural

Do Enem ao Prouni: confira as opções para quem é das periferias entrar no ensino superior

Por: Ira Romão

Notícia

Publicado em 05.08.2022 | 13:45 | Alterado em 13.04.2023 | 17:42

Tempo de leitura: 5 min(s)
Esta reportagem foi produzida com o apoio do Instituto Unibanco IU

Conhecer as várias formas de acesso que as instituições disponibilizam para um curso de graduação pode fazer toda a diferença.O vestibular tradicional, aquele em que as universidades publicam um edital com o processo seletivo, já não é mais a única opção para quem deseja ingressar no ensino superior.

Por conta disso, preparamos este pequeno guia para você conhecer as informações necessárias para buscar uma vaga em uma faculdade pública ou privada, e ouvimos alunos e professores sobre as possibilidades de ingresso. Se liga!

A importância do Enem

Atualmente, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) tem sido um dos principais meios utilizados para entrar em uma universidade, seja pública ou privada.

A nota obtida no exame pode ser aplicada simultaneamente em diferentes vestibulares e programas oferecidos pelo Governo Federal, aumentando as chances de quem disputa uma vaga.

Desenvolvida para avaliar o aprendizado dos alunos do ensino médio, a prova do Enem passou por várias alterações desde a primeira edição, em 1998, até chegar ao formato atual.

Para participar do Enem é cobrada uma taxa de R$ 85 no momento da inscrição, mas é possível pedir isenção para quem tem baixa renda.

“O Enem é o nosso principal foco na preparação dos estudos, pois ele maximiza as chances dos jovens [de ingressar na faculdade]”, afirma o servidor público e professor Bernardo Carvalho, 29, morador de Franco da Rocha, na Grande São Paulo.

Bernardo aponta proximidade dos locais de provas como ponto importante do Enem @Arquivo Pessoal

Ele dá aulas de filosofia em um cursinho de pré-vestibular popular, chamado Liceu Popular, em Francisco Morato, também na região metropolitana de São Paulo, e cita a proximidade da prova às casas dos estudantes que vivem longe do centro.

“É mais acessível. Um estudante pode fazer o exame em uma escola próxima, enquanto que, para um vestibular tradicional, precisaria se deslocar para outra cidade”

Bernardo Carvalho, 29, professor

Por meio da pontuação obtida no Enem, o candidato tem alguns caminhos para entrar no ensino superior, como o Prouni (Programa Universidade para Todos), para as universidades privadas, e o Sisu (Sistema de Seleção Unificada), para concorrer a uma vaga em universidade pública ou instituto federal de educação.

A partir da pontuação do exame, o candidato pode ainda participar do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil).

Prouni

Criado em 2004, o Programa Universidade para Todos oferece bolsas de estudo integrais (100%) e parciais (50%) em instituições privadas de educação superior, em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, a estudantes brasileiros sem diploma de nível superior.

Pessoas com deficiência ou que se autodeclaram pretas, pardas ou indígenas podem optar por concorrer a bolsas destinadas a políticas de ações afirmativas.

Professores da rede pública que queiram cursar pedagogia ou licenciatura também podem concorrer a vagas pelo Prouni.

Recentemente, por meio da Lei 14.350/2022, o acesso ao Prouni foi ampliado para estudantes que cursaram o ensino médio em escolas particulares, mesmo sem bolsa de estudos. Antes, o programa era voltado para estudantes de escolas públicas ou que tinham sido bolsistas em escolas privadas.

Com inscrição gratuita e de única etapa, as seleções são abertas duas vezes no ano.Só no primeiro semestre deste ano, o programa ofertou 273 mil bolsas.A segunda edição de 2022 ainda não tem data definida.

Acesso ao ensino superior tem opções pelo Enem @Matheus Piggozi/Agência Mural

Foi esse o caminho da estudante Isadora Pereira, 19, moradora de Francisco Morato. No ano passado, ela se inscreveu no Prouni utilizando o resultado do Enem e, assim, conseguiu ingressar com uma bolsa de 100% no curso de pedagogia na Unip (Universidade Paulista), no ensino EAD (Educação a Distância).

Antes, ela já havia conseguido uma bolsa para o curso de administração. “Quando soube que tinha passado na Unip, não pensei duas vezes [em cursar em paralelo], afinal não tenho condições financeiras para pagar a faculdade sem bolsa”, diz.

Para se inscrever, o candidato deve ter participado da última edição do Enem e ter alcançado, no mínimo, 450 pontos na média das notas da prova. Também não pode ter zerado na redação.

Além disso, para concorrer a uma bolsa integral, o candidato deve comprovar renda familiar bruta mensal de até um salário mínimo e meio por pessoa (R$ 1.818). Para a bolsa parcial, a renda familiar deve ser de até três salários mínimos por pessoa (R$ 3.636).

COMO SE INSCREVER NO PROUNI

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Todo o processo é feito pela internet no site do Programa. No portal o candidato deve realizar um cadastro, tendo que ter um login “gov.br”.

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Após o cadastro feito é preciso escolher, em ordem de preferência, até duas opções de curso, a instituição de ensino e o turno desejado.

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Durante a inscrição, deve ser marcado também se há interesse em participar da ampla concorrência ou das vagas de cotas.

SISU

O Sistema de Seleção Unificada é um programa informatizado gerado pelo MEC (Ministério da Educação) desde 2010. Ele reúne vagas ofertadas por instituições públicas de ensino superior de todo o Brasil, sejam elas federais, estaduais ou municipais, e oferece essas vagas a estudantes sem a necessidade de fazer o vestibular próprio da instituição.

No entanto, é permitido que as universidades que participam do Sisu indiquem uma nota mínima no Enem para que o candidato entre em cada um dos cursos.

Para participar do Sisu, assim como no Prouni, o candidato precisa ter prestado a última edição do Enem e não ter zerado na prova da redação. Deve ainda ter concluído o ensino médio. Não existe limite de renda ou idade para se inscrever no sistema.

Prouni e Susi são formas de ingressar no ensino superior a partir do Enem @Magno Borges/Agência Mural

Totalmente automatizado e gratuito, o processo seletivo do Sisu utiliza as notas do Enem para classificar os candidatos de acordo com as opções de cursos indicados durante a inscrição.

“Resolvi testar se eu ainda sabia alguma coisa. Por ter estudado toda a minha vida em escola pública, no Sisu me inscrevi na modalidade cotas para alunos de escolas públicas”, conta Sandro Merg Vaz, 50. Ele está no quinto semestre do curso de pedagogia na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), em Guarulhos, na Grande São Paulo.

“Estou bem contente por ter conseguido a vaga. Saio de casa às 4h45 e volto às 23h45. Não é fácil, tem que ter muita perseverança. Inclusive, incentivo os meus colegas que querem desistir a continuarem, pois desistir é o que o sistema quer”, avalia Vaz.

Vale lembrar, ainda, que candidatos inscritos no Prouni também podem se inscrever no Sisu. Porém, caso seja selecionado pelo sistema, o estudante precisará optar entre os programas.

“Se inscrever em diferentes programas aumentam as chances. Não há um recorte de preferência entre Prouni ou Sisu, por exemplo. É onde vou conseguir uma bolsa integral, onde não vou pagar a faculdade. Esse é o objetivo”, diz o professor Carvalho.

COMO SE INSCREVER NO SISU

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O Sisu abre seleção duas vezes por ano. A segunda edição deste ano está em andamento. Nela foram ofertadas 65 mil vagas. A inscrição é gratuita e feita, exclusivamente, pelo site do Sisu.

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No site é preciso fazer um cadastro, em que o candidato precisa ter um login “gov.br”.

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Feito o cadastro, é preciso escolher até duas opções de curso, a instituição e o turno (noturno, vespertino). Nesta mesma tela o candidato poderá acompanhar a inscrição durante todo o processo do Sisu.

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É possível pesquisar as vagas disponíveis pelos nomes do município, instituição ou pelo próprio curso.

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Durante a inscrição, o candidato pode consultar a nota de corte – a menor nota do Enem possível para entrar naquela vaga e a classificação parcial. Sabendo assim, se a pontuação é suficiente para seguir na disputa. Dessa forma, é possível continuar disputando o curso já escolhido ou tentar outra opção.

Fies

Criado pela Lei nº 10.260/2001, o Fundo de Financiamento Estudantil é um programa do MEC que permite que estudantes matriculados no ensino superior – não gratuito – financiem o curso. A graduação escolhida precisa ter uma avaliação positiva no Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior).

Desde 2018, o Fies tem possibilitado juros zero a quem mais precisa e uma escala de financiamento que varia conforme a renda familiar do candidato.

Ao longo do curso, o estudante aceito no financiamento pagará um valor mensal de coparticipação, que corresponde a parcela não financiada dos encargos educacionais.

Para Carvalho, são poucos os jovens que caminham para o financiamento estudantil. “É uma decisão muito difícil você se endividar tão cedo, pelo que eu vejo aqui dos nossos alunos do cursinho”, comenta.

COMO SE INSCREVER NO FIES

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O Fies pode ser solicitado em qualquer período do ano. As inscrições são feitas pelo site do programa.

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O primeiro passo é o cadastro do estudante. Por ele o candidato acessa o sistema por onde receberá todas as informações para seguir com a solicitação.

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O candidato deve ter participado do Enem, a partir da edição de 2010, e ter obtido uma nota mínima de 450 pontos e nota superior a zero na redação.

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É necessário que a renda familiar mensal bruta do candidato seja de até três salários mínimos por pessoa.

Vestibulares

Muitas universidades têm os próprios vestibulares, os tradicionais, em que editais são lançados com as regras do processo seletivo da instituição. Um dos mais concorridos no país é a Fuvest, o vestibular da USP (Universidade de São Paulo). É realizado uma vez por ano, em duas fases. As inscrições geralmente ocorrem no segundo semestre de cada ano e as provas em dezembro e janeiro.

O calendário da Fuvest 2023 já foi divulgado e as inscrições serão de 15 de agosto até 23 de setembro.

Há ainda outras modalidades de vestibular, como os vestibulares agendados. Como o próprio nome indica, o candidato consegue agendar o dia da prova.

Algumas instituições oferecem o vestibular seriado, também chamado de continuado. Assim como o tradicional, nessa modalidade também é lançado um edital. Mas ele acontece em três etapas no decorrer do ensino médio.

Outro modelo existente é o vestibular de habilidades específicas que geralmente são aplicadas quando o curso ofertado exige talentos específicos para um melhor desempenho do aluno.

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Ira Romão

Jornalista, fotojornalista e apresentadora de podcast. Atuou em comunicação corporativa. Já participou de diferentes projetos como repórter, fotógrafa, verificadora de notícias falsas e enganosas. Foi uma das apresentadoras do ‘Em Quarentena” e da série sobre mobilidade nas periferias. Ama ouvir histórias, dançar, karaokê e poledance. Correspondente de Perus desde 2018.

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