Jovens estudantes das periferias relatam porque não está sendo fácil ter aulas à distância
Por: Redação
Notícia
Publicado em 28.05.2020 | 22:21 | Alterado em 09.10.2020 | 22:26
Depois de ouvir crianças no episódio 41, o “Em Quarentena” conversou com adolescentes que estudam na rede pública para entender como estão sendo as aulas a distância.
Eles falaram, inclusive, sobre o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que teve as inscrições encerradas no dia 22 de maio. No entanto, a prova foi adiada pelo Ministério da Educação entre 30 e 60 dias, após pressão dos estudantes por conta de toda a situação causada pelo coronavírus.
A jovem Luiza tem DDA, que é uma doença crônica que faz com as pessoas tenham mais dificuldade de se manter atentas. Ela estuda em uma escola estadual na zona leste de São Paulo e contou que está tendo dificuldades para acompanhar as aulas, principalmente, as de matemática.
“Eu sempre tive essa dificuldade, mas na sala de aula eu tenho o professor que atende minha necessidade e a distância não. A gente não tem material adequado e o aplicativo que está sendo usado não vem cumprindo sua função”. (ouça a partir de 01:05)
Ela também comentou que os estudantes que estão cursando o terceiro ano estão com muito medo por conta do Enem. “Não é justo a gente competir com uma pessoa que estuda em escola particular e que está tendo toda uma estrutura para conseguir estudar dentro de casa”. (ouça em 01:38)
Quem também falou sobre a intensificação da desigualdade entre estudantes de escolas públicas e particulares foi a moradora de Santo André, na região do ABC paulista, Ana, que tem 18 anos e é estudante de cursinho.
Ela citou várias dificuldades enfrentadas pelos jovens periféricos que foram intensificadas pela pandemia. “A primeira coisa é a gente entender que é uma mudança extremamente brusca para o sistema de ensino que temos hoje no nosso país e, consequentemente, para os nossos estudantes. A desigualdade do nosso país não é de agora”. (em 02:44)
Débora Dias, que mora em Sapopemba, na zona leste de São Paulo, trabalha em um cursinho pré-vestibular e empoderamento na UneAfro, que é uma rede de articulação e formação de jovens e adultos de regiões periféricas do Brasil. Ela também fez críticas ao ensino à distância.
“O EAD deixa de fora uma parcela muito grande de nossos alunos. Sejam aqueles que não têm acesso às plataformas ou sejam àqueles que possuem algum tipo de deficiência ou dificuldade”. (em 03:20)
“É muito difícil você falar em sentar e estudar quando você está preocupado com aluguel, água, luz e com o que vai comer. Isso são problemas que eles já enfrentavam antes, mas na pandemia foram agravados”. (em 03:48)
No episódio 9, o podcast da Agência Mural já havia falado com estudantes das periferias para saber como eles sentiam em relação ao Enem, e isso antes dele ser adiado. E no site da Agência também têm outras reportagens sobre educação em tempos de pandemia.
Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #43: Como os adolescentes estão estudando em casa durante a pandemia.
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Viver em meio ao coronavírus não deve estar sendo fácil para ninguém. Imagina então para quem vive nas periferias.
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