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Uma comida feita de memórias é a marca da Kitanda das Minas

Com acarajé como carro-chefe do cardápio, o afrobuffet liderado por Priscila Novaes traz culinária afro-brasileira com toque de empreendedorismo feminino

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Arquivo Pessoal

Por: Eduardo Silva

Notícia

Publicado em 23.11.2020 | 15:41 | Alterado em 22.11.2021 | 15:49

Tempo de leitura: 3 min(s)

“Seu pedido chegou! Com ele temos a intenção de levar sabor e afeto aos seus momentos”. É assim que o delivery da Kitanda das Minas chega até a casa dos clientes. Com um cardápio voltado para a gastronomia afro-brasileira, cada pedido vem com uma mensagem personalizada.

“A gente sempre encaminha uma mensagem e tenta transmitir uma relação mais humanizada. Seja um pedaço da história da Kitanda ou a história das mulheres quitandeiras”, conta Priscila Novaes, 36 anos, moradora de Cidade Tiradentes, no extremo leste de São Paulo, proprietária e chef de cozinha do local.

O serviço de delivery é recente. Até os primeiros meses de 2020, antes da pandemia causada pelo coronavírus, a Kitanda atuava exclusivamente no estilo “afrobuffet” em eventos corporativos. O estilo se refere ao conceito de um buffet afrocentrado, em que é pensada desde a estética até a gastronomia africana e afro-brasileira.

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Priscila criou o Kitanda das Minas @Arquivo Pessoal

As quitandeiras angolanas serviram de inspiração para que Priscila entrasse na gastronomia. Formada na área desde 2011, ela sempre teve uma grande identificação com a forma como essas mulheres se organizam no comércio e também com o paladar das comidas típicas africanas – sensação que ela busca passar para os pratos que faz.

No cardápio, o carro-chefe é o tradicional acarajé, que é servido em porções na mão e no prato, ambas individuais, ou com 10 unidades. Em todas as opções, acompanha vatapá, caruru, salada de tomate verde e camarão. Todos os itens são entregues separadamente.

Outros pratos típicos, que servem duas pessoas, são o bobó de camarão, a moqueca baiana e o baião de dois – este último com origem no sertão do nordeste brasileiro.

De sobremesa, o cardápio tem cocadas nos sabores tradicional e cacau. Mas a grande revelação é o “bolinho de estudante” – em formato de kibe, é feito com tapioca, coco e canela, e frito no óleo.

“Em Salvador, ele é comercializado nas ruas dos tabuleiros. Ganhou esse nome por ser barato a ponto de ficar conhecido entre os estudantes que não tinham muitos recursos para gastar com a alimentação”, explica Priscila. Todos os doces vêm em embalagem com três unidades.

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Comida tem como pratos principais aracajé, bobó de camarão e moqueca baiana @Eduardo Silva/Agência Mural

Segundo a chef, ser negra e periférica é um desafio em qualquer posição em que a mulher esteja. Mas, para ela, ser uma mulher negra cozinheira é ser herdeira de um legado. “É um saber ancestral que ultrapassa os campos da cozinha, pois eu enxergo que esse legado também está na coletividade, no empreendedorismo, na luta e na estratégia política”, afirma.

Ela cita casos de mulheres que não encontram emprego onde se identificam ou onde não sofram racismo. Por isso, o lema “sabor e afeto” do afrobuffet é levado para outras áreas, inclusive dentro da equipe que forma o empreendimento, fazendo dele um espaço acolhedor desde o início, como quando uma pessoa a procura para uma vaga de trabalho.

Atualmente, o espaço é formado por seis pessoas – cinco mulheres e um homem, além de outras 20 mulheres freelancers que trabalham nos eventos que a equipe realiza. Todos os membros buscam repassar esses valores aos pratos que são cozinhados e entregues pelo delivery.

Com relatos de clientes que receberam os acarajés e “sentiram a Bahia dentro de casa”, a chef Priscila diz que tem sido muito gratificante entrar nos lares das pessoas.

Assim, a Kitanda das Minas segue levando um pedaço da culinária afro-brasileira para cada cliente em pratos que são feitos de “memórias”, como Priscila costuma dizer. Seja pela memória da comida afro no Brasil ou pela ancestralidade que ela leva consigo. Tudo isso embalado em comidas com um ótimo aroma e sabor (e, claro, afeto).

SERVIÇO

Kitanda das Minas
Endereço: Rua Barão de Iguape, 158 – Liberdade, São Paulo – SP
Preço médio: R$ 10 – R$ 55
Horário de funcionamento: Quintas, sextas e sábados, das 11h às 16h
Telefone: (11) 2556-2910 | (11) 98726-5098 (WhatsApp)
Formas de pagamento: Cartões de débito e crédito
Opções veganas: Sim
Redes sociais: Instagram: @kitandadasminas | Facebook: @kitandadasminas
Observações para encomendas: Entregas com entregador próprio em qualquer região, com taxa de entrega combinada previamente. Apesar do horário das 11h às 16h, aceita encomendas para outros horários ou dias da semana.

O texto faz parte da cobertura especial para o Prato Firmeza Preto: Guia Gastronômico das Quebradas de São Paulo, feito em parceria com a Énois Conteúdo.

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Eduardo Silva

Editor-assistente da Agência Mural. Fã de cultura pop, música, gatos e filmes de terror. Correspondente de São Miguel Paulista desde 2017.

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