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Subprefeituras de SP gastam R$ 4,6 milhões por mês com podas de árvores

Por: Redação

27 das 32 subprefeituras de São Paulo gastam, em média, R$ 4,6 milhões por mês com serviços de poda de árvores. Os valores, separadamente, variam de R$ 61 mil a R$ 485 mil. Os dados foram obtidos pelo 32xSP via Lei de Acesso à Informação (LAI).

As sedes do Butantã, na zona oeste, e Campo Limpo e Santo Amaro, na zona sul, não informaram o valor gasto. Cidade Tiradentes, na zona leste, e Perus, zona noroeste, não especificaram o valor gasto com poda. Segundo essas subprefeituras, o serviço está incluso nas demais funções de suas equipes de zeladoria.

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GASTOS

Árvore da rua Orestes Credidio, zona leste (Larissa Darc/32xSP)

A subprefeitura do M’Boi Mirim, na zona sul, é a sede que tem mais custos com poda, remoção e plantio de árvores. No primeiro semestre de 2018, a regional pagou a uma empresa terceirizada o valor de R$ 2,9 milhões. A administração conta com quatro equipes de poda.

No extremo leste de São Paulo, a subprefeitura do Itaim Paulista ocupa o último lugar no ranking de gastos. A regional gasta mensalmente R$ 61,3 mil com poda de árvores e possui apenas uma equipe.

De acordo com a subprefeitura, “quando há ocorrência com queda de árvore, o atendimento é imediato, mas o tempo de execução depende do tamanho do exemplar e, algumas vezes, de equipes de apoio da Eletropaulo e/ou Bombeiros”.

Morador da região, o designer gráfico Dimitry Uziel, 30, faz pedidos de poda há cinco anos para uma árvore de cerca de 40 metros que fica em frente à sua residência.

Ele diz que, uma única vez, uma equipe atendeu o chamado e cortou alguns pequenos galhos — o que não resolveu o problema. Até hoje, partes da árvore caem sempre que venta um pouco mais forte.

“Após os primeiros pedidos de poda, uma equipe veio até aqui para analisar a árvore em questão e me disseram que ela não demonstrava nenhum tipo de ameaça”
Dimitry Uziel, morador do Itaim Paulista

“Mas só eu sei que não é bem por aí, levando em conta o último caso de queda de parte dela e, em outra ocasião, quando outro pedaço caiu e estourou o telhado de um dos meus cômodos”, segue.

Em janeiro deste ano, um pedaço da árvore caiu no quintal do morador. Ninguém se feriu, mas após vários pedidos de retirada, tanto no portal da Prefeitura quanto pessoalmente na subprefeitura do Itaim Paulista, nada foi feito.

“Eu mesmo precisei cortar o tronco em vários pedaços menores para poder retirá-lo de minha residência. Até hoje não houve nenhum posicionamento a respeito deste assunto por parte de nenhum dos órgãos com os quais entrei em contato”, afirma.

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Embora não tenha tido custos com a remoção por conta própria, o designer gráfico diz que os galhos só foram levados pelo caminhão do lixo duas semanas depois.

“Descartei os pedaços ao redor da árvore, acreditando que o coletor de lixo levaria. Também os deixei ali, crente que alguém da prefeitura viria após meu pedido e veria os pedaços do tronco despejados. Mas não ocorreu”, comenta Uziel.

QUEDA DE ÁRVORES

Árvore ultrapassa os fios elétricos (Larissa Darc/32xSP)

A queda de árvores e galhos é um dos principais motivos pela falta do abastecimento de energia elétrica na cidade de São Paulo, junto a chuvas e ventos fortes, segundo a Enel (antiga Eletropaulo), empresa responsável pela distribuição de energia elétrica no Estado.

A dona de casa Elaine Conceição Alves, 46, moradora da rua Orestes Credidio, na Fazenda Aricanduva, zona leste, reclama há mais de cinco anos de uma árvore na calçada próxima à sua residência.

A árvore tomou conta dos fios elétricos e a raiz rachou a calçada, dificultando a passagem de pedestres. Elaine diz já ter feito várias denúncias para a subprefeitura do Aricanduva/Formosa/Carrão podar, mas sem sucesso.

“O caminhão do lixo passa e bate nos galhos. A árvore balança tanto que parece que vai cair. Fora que a raiz pega uma parte entre a guia e o asfalto. A vizinhança não sabe mais para quem recorrer”
Elaine Conceição Alves, moradora do Aricanduva

A árvore fica em frente a um terreno e o morador podou somente do lado de dentro da residência para evitar a queda de galhos. A parte que fica para a rua não foi cortada, prejudicando sua estrutura.

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A subprefeitura do Aricanduva/Formosa/Carrão conta atualmente com quatro equipes de poda, que custam aos cofres públicos R$ 298,5 mil mensais. De acordo com a sede, cada grupo de trabalho equivale a R$ 74,6 mil e realiza, por mês, uma média de 134 podas de árvores e nove remoções.

“Deve-se ressaltar que a produtividade das equipes varia em função de diversos fatores que dependem de outras áreas de apoio, como desligamento da rede elétrica, condições climáticas, circulação de veículos e pedestres e o porte do espécime a ser manejada”, afirma a subprefeitura.

PLANO DE METAS

A “avaliação e serviços em árvores em vias públicas” é o segundo serviço mais solicitado por munícipes na cidade de São Paulo, sob responsabilidade das subprefeituras, atrás apenas das demandas de tapa-buraco. O prazo médio de atendimento é de 132 dias (período base: 2013-2016).

De acordo com o Plano de Metas 2017 – 2020 da Prefeitura de São Paulo, a proposta é reduzir, até o final do mandato do prefeito Bruno Covas (PSDB), o tempo médio de atendimento deste e dos outros quatro principais serviços solicitados: tapa-buraco, remoção de grandes objetos em via pública, remoção de veículos abandonados em via pública e remoção de entulho em via pública.

A Prefeitura de São Paulo também tem a meta de plantar 200 mil árvores no município, com prioridade para as dez subprefeituras com menor cobertura vegetal. São elas: Aricanduva, Ermelino Matarazzo, Guaianases, Itaim Paulista, Jabaquara, Mooca, Sapopemba, Sé, Vila Mariana e Vila Prudente.

MUDA MOOCA

Na Mooca, zona leste de São Paulo, o advogado Danilo Bifone, 42, criou o projeto “Muda Mooca”. A ideia surgiu após uma poda mal feita na porta de sua residência.

“O Muda Mooca tem como objetivo conscientizar a população a cuidar das árvores e o poder público fiscalizar o tratamento e a limpeza”, diz.

O Muda Mooca foi criado em 2013 pelo advogado Danilo Bifone (Reprodução)

O grupo tem cerca de cem pessoas que, aos fins de semana, fazem trabalho voluntário para deixar a cidade mais arborizada e instruir as pessoas a manter uma árvore em bom estado. Segundo Bifone, o projeto plantou mais de 20 mil mudas nos bairros de São Paulo.

“Quando um morador coloca cimento ao redor da árvore, isso prejudica a raiz e o desenvolvimento dela. Nós orientamos quebrar o concreto e colocar um pouco de terra em volta. Isso evita o risco dela cair”
Danilo Bifone, criador do Muda Mooca

A subprefeitura da Mooca gasta R$ 250,2 mil por mês com o serviço e possui três equipes de poda.

COMO SOLICITAR O SERVIÇO DE PODA EM SP

Para solicitação do serviço em espaço público, é necessário entrar em contato com a Prefeitura pela Central 156 ou na praça de atendimento da subprefeitura. O serviço é gratuito e nenhuma empresa privada tem a permissão para realizar ou cobrar por ele.

De acordo com a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente (SVMA), são definidos quatro tipos de poda, diferenciados pela sua finalidade:

Poda de formação: conferir uma forma adequada à árvore durante seu desenvolvimento;

Poda de limpeza: eliminar ramos doentes, praguejados ou danificados;

Poda de emergência: retirar galhos que colocam em risco a segurança das pessoas;

Poda de adequação: adequar o desenvolvimento da árvore ao espaços, edificações ou equipamentos urbanos.

Este serviço é regulamentado pela Lei nº 10.365, de 22 de setembro de 1987, que garante o corte e a poda de vegetação de porte arbóreo existente no município de São Paulo.

Em caso de emergência, quando uma árvore está prestes a cair, deve-se acionar o Corpo de Bombeiros, pelo telefone 193, e a Defesa Civil, pelo telefone 199.

***

ERRATA: Anteriormente, a reportagem havia informado que a Subprefeitura Itaim Paulista gasta mensalmente R$ 368.353,47 com poda de árvores. O valor, obtido via LAI, corresponde ao custo referente ao primeiro semestre de 2018. Dessa forma, foi corrigido para R$ 61.392,24 — média dividida por seis meses. O título anterior também foi alterado: de R$ 4,7 milhões para R$ 4,6 milhões por mês.

https://32xsp.org.br/especial/arquitetura-da-enchente/

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