Mudança dos endereços atendidos pela unidade e dificuldade para consultar médicos especialistas são as principais reclamações
Por: Redação
Publicado em 07.12.2018 | 12:48 | Alterado em 07.12.2018 | 12:48
Ao chegar à UBS (Unidade Básica de Saúde) Jardim Nossa Senhora do Carmo, Sileuza Rangel, 67, é informada de que a unidade não oferece mais consulta com ginecologista. No balcão de atendimento, os funcionários orientam que seja agendado um médico generalista.
“Faz mais de um ano que eu não me consulto com um ginecologista. Pretendia realizar todos os exames, mas a moça da recepção me disse que agora eu preciso realizar a coleta do Papanicolau com uma enfermeira para depois marcar um médico generalista”, diz a dona de casa.
Confusa com a ausência de orientações sobre a mudança, Sileuza afirma que recorrerá a uma consulta particular caso não consiga atendimento especializado. “Não me explicaram muita coisa e não senti muita segurança. Vou aguardar, mas não posso arriscar a minha saúde”, conta.
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Desde agosto de 2018, o posto deixou de operar como uma Unidade Básica de Saúde regular para atender apenas como Estratégia Saúde da Família (ESF). Com isso, deixou de oferecer atendimento especializado.
Em nota, a Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) Leste afirmou que a mudança não trará prejuízos à população. “As unidades de Estratégia Saúde da Família contam com médicos generalistas capacitados a atender todos os ciclos de vida dentro da Atenção Básica, como clínica médica, pediatria e ginecologia”, defendeu.
Questionada sobre outras unidades que teriam adotado o mesmo modelo de atendimento, a coordenadoria afirmou não ter um levantamento com essas informações.
NÍVEIS DE ATENÇÃO DO SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) é estruturado em três níveis de cuidado. A atenção primária é a porta de entrada para o atendimento público. Comandada pelas Unidades Básicas de Saúde, é responsável por 80% dos atendimentos médicos.
Os serviços de baixa complexidade oferecem consultas com clínico geral, pediatra e ginecologista, além de exames e vacinas. Nos locais onde atuam com a Estratégia Saúde da Família, a premissa é oferecer acesso aos serviços de saúde com equipes multiprofissionais, que acompanham a população local ao longo dos anos.
Para receber um atendimento especializado de média complexidade, o usuário precisa se dirigir a unidades de atenção secundária, como Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e Policlínicas. Nesses locais também é possível realizar internações e cirurgias simples.
Casos mais graves ficam por conta da atenção terciária. Manobras invasivas, que requerem alta especialização, são encaminhadas para Unidades de Tratamento Intensivo (UTI).
MUDANÇA DE ENDEREÇO
Outra reclamação dos moradores é a reorganização dos endereços atendidos pela UBS Jardim Nossa Senhora do Carmo. De acordo com a administração do posto, uma determinação da Prefeitura de São Paulo redefiniu quais ruas serão contempladas, sem informar os critérios de seleção utilizados.
Gabriel Henrique, 19, se dirigiu ao posto, localizado a 1,4 km de sua casa. Ao tentar agendar uma consulta, foi informado de que, em função de seu endereço, seu cadastro havia sido transferido para a unidade do Jardim Brasília, a 2,6 km de distância.
“Antes eu ia a pé até o posto e agora precisarei pegar uma lotação. A passagem está cara, mas fazer o quê? Estou com uma alergia e preciso descobrir o que é”, desabafa.
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A pesquisa Modelos de Gestão de Saúde, divulgada pelo Plano Ede e o Instituto Tellus, em 2017, mostrou que 60% dos pacientes dos postos de saúde acessam as unidades básicas de saúde a pé.
Por telefone, a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde afirmou que as mudanças na unidade de saúde foram realizadas de acordo a necessidade da região, alegando que a população não será prejudicada.
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