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Quem é Jessica Terra, artesã homenageada com grafite de 15 metros em Itaquera

Aos 30 anos, ela usa sementes para produzir joias e dá cursos para quem quiser empreender na área; pintura foi feita por grafiteira da região

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Cibele Alves/Divulgação

Por: Danielle Lobato

Notícia

Publicado em 16.06.2021 | 15:48 | Alterado em 22.06.2021 | 9:50

Tempo de leitura: 3 min(s)

Uma pintura de 15 metros de altura pode ser vista de longe por quem passa pela avenida José Pinheiros Borges, em Itaquera, na zona leste de São Paulo. 

A homenageada é Jéssica Terra, 30, artesã que transforma materiais da natureza como sementes de cacau, açaí,  conchas e cascas do coco, em colares, brincos e pulseiras – as chamadas biojoias.   

Nascida em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, Jéssica conheceu o universo das sementes com 22 anos. O objetivo não era ganhar dinheiro, mas o de presentear o marido, na época noivo, com um cordão japamala– objeto utilizado na prática de meditação e yoga. 

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Obra na Avenida José Pinheiro Borges, na zona leste de São Paulo @Ju Costa/Arquivo Pessoal

Para a confecção, ela assistiu a um vídeo no Youtube sobre o trabalho, comprou sementes naturais para aprimorar a técnica e, desde então, não parou mais. Deixou o trabalho de radiologia para ser eco artesã. 

Hoje, além de usar as redes sociais para divulgar seu trabalho, ensina outras pessoas com um curso online e oficinas para quem quiser entrar nesse mercado. 

“Perdi as contas de quantas oficinas e vivências dentro da periferia eu já apliquei”, conta a artesã que já deu aulas no Sesc Itaquera, na zona leste. Atualmente, ela vende o curso na conta dela no Instagram

Nas atividades, ela ensina a colher e tratar sementes, onde comprar matéria-prima e ferramentas, como se conectar com a natureza no cotidiano e também como lidar com o mofo e caruncho para preservar a biojoia.

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Jessica nasceu em Itaquaquecetuba, na Grande SP @Cibele Alves/Divulgação

O primeiro passo para a produção da biojoia é colher. É preciso andar com olhar atento, aguçado, como quem sabe que a qualquer momento encontrará uma semente de Jatobá, Guapuruvu, casca de cedro, Jacarandá ou Sibipiruna. 

“Faço uma seleção das sementes. As que estiverem rachadas, com aspecto envelhecido ou amassadas, não utilizo. Após a seleção, faço um tratamento para diminuir as chances de insetos se desenvolverem nas sementes”, conta Jéssica. 

Além das sementes, usa outros produtos sustentáveis como barbante e cordão de sisal para produzir. 

Após esse trabalho de beneficiamento e com todas ferramentas em mãos, é preciso usar a imaginação e ser criativa. Ela conta que saber a técnica de nós e fechos é fundamental para que a imaginação possa se materializar. 

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Jéssica produzindo uma biojoia @Cibele Alves/Divulgação

Jéssica atenta a confecção @Cibele Alves/Divulgação

Eco artesão começou a dar cursos sobre como fazer as próprias biojoias @Cibele Alves/Divulgação

Produção realizada por Jéssica Terra @Cibele Alves/Divulgação

Uma biojoia é composta por mais de 70% de matéria-prima biodegradável entre cascas, sementes e fibras, ou seja, que se decompõe em poucos meses, sem prejudicar a terra.

Em sua jornada de trabalho, Jéssica já expôs em feiras artísticas, mas agora tem um e-commerce online. Cada uma custa entre R$ 40 e R$ 160.

Os preços variam de acordo com os tipos de semente, grau de dificuldade na confecção e até mesmo o risco na coleta das sementes, segundo Jéssica. “Há sementes que não estão na época e por isso a dificuldade para encontrar é maior”. 

Para aqueles que adquirem o produto ela afirma que “não é apenas um colar, mas uma biodiversidade brasileira em suas mãos, uma contribuição com o meio ambiente”.

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A OBRA

Autora do retrato de Jessica, a grafiteira Juliana Costa, 37, é moradora de Itaquera e assina as obras como Ju Costa. Ela conheceu a artesã em feiras culturais do bairro. “O trabalho dela é sensacional e vai ao encontro do que eu gosto de retratar: cultura latina e mulheres fortes”, diz Ju Costa. 

A obra integra o projeto Florescer, criado pela Secretaria Municipal de Cultura, que convidou apenas mulheres grafiteiras para criar as pinturas espalhadas pela periferia. 

“Chamei a Jéssica no direct [mensagem direta] do Instagram pedindo a autorização para grafitá-la, e o resultado foi demais”, conta Ju. Segundo ela, a mostra colorida levou sete dias para ficar pronta. “Cada artista recebeu o tema, mas estava aberto a desenvolver a proposta à sua maneira”, explica.

“O rosto de uma mulher negra, na periferia da zona leste, sorrindo e se abraçando tem muito significado”, conta Jéssica Terra.

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Danielle Lobato

Jornalista, sagitariana com ascendente em lanches. Mãe de pet, viajante e apaixonada pela vida. Correspondente de Itaim Paulista desde 2016.

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