No estado de São Paulo cerca de 7% da população tem alguma deficiência
Por: Redação
Notícia
Publicado em 27.04.2020 | 10:34 | Alterado em 21.08.2020 | 23:39
Segundo dados da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência, cerca de 7% da população do estado de São Paulo tem alguma deficiência.
O “Em Quarentena” conversou com mães de crianças com deficiência e terapeutas para entender o que mudou na rotina delas com o isolamento social e quais cuidados as famílias estão tomando para evitar a Covid-19.
A professora de educação infantil, Vilma, têm duas filhas. A Júlia, de 11 anos, tem síndrome de Down. Elas moram no Jaraguá, na zona oeste de São Paulo, e com a quarentena tiveram a rotina alterada.
Vilma contou que tem conversado bastante com a Júlia sobre o coronavírus. “Nossa rotina mudou de um dia para o outro. E eu, muito preocupada que ela não estivesse absorvendo essas informações que estão sendo veiculadas na TV, comecei a contar historinhas para que ela começasse a entender de uma forma mais lúdica”. (ouça a partir de 00:56)
Pessoas com a síndrome de Down podem ser consideradas grupo de risco, já que elas têm mais chances de ter uma imunidade mais baixa, além de doenças respiratórias. Vilma explicou que em sua casa o cuidado está sendo redobrado.
“Desde o início eu tive essa preocupação e automaticamente nossa família também teve. Não estamos indo à casa de ninguém e ninguém está vindo aqui. Estamos matando a saudade e mantendo contato pelo celular mesmo e redes sociais”. (a partir de 01:30)
Mesmo a criança não sendo do grupo de risco, Vanessa Gibelli, que é terapeuta ocupacional alertou que é importante tomar os cuidados e passar orientações à elas.
“É importante orientá-las sobre os cuidados mínimos necessários, levando em consideração o nível de compreensão e comprometimento que elas tenham. Pode ser por meio de brincadeiras, músicas, imitações e pelas próprias ações do adulto que as acompanham”. (ouça em 02:10)
Juliana é mãe da Maria Eduarda, de 7 anos, que tem Transtorno do Espectro Autista, o TEA. Ela falou como tem sido o isolamento social.
“Pelo fato dela ser uma criança autista, ela tem muita energia. E tinha uma rotina. […] Agora não tem mais isso. Ela está meio cansada porque não pode sair de casa. Ela não está agitada e nem chora, mas como qualquer pessoa acaba ficando estressada”. (em 02:50)
A terapeuta ocupacional recomendou a busca por terapia virtual para alguns casos de crianças com TEA. “Visto que em crianças com autismo há, na maioria dos casos, uma desordem sensorial também, na ausência de terapias presenciais. Às vezes, manter a terapia à distância, por canais visuais, pode ser bom”. (em 03:29)
Vanessa enfatizou também que o cuidador precisa estar atento à sua própria saúde mental. (em 04:10)
Gisele é mãe da Stela, de 15 anos, que tem paralisia cerebral e problemas respiratórios. Elas moram no Itaim Paulista, na zona leste. Ela falou sobre a dificuldade para pegar remédios de alto custo para a filha, na estação da Luz. E sobre a preocupação de como será isso no meio da pandemia.
“Lá se pede que renove a receita a cada quatro meses. Isso quando tem medicamento, no meu caso, tem um que sempre falta. Não sei quais medidas serão tomadas em relação a isso. Porque nós vamos em um lugar de risco e acaba tendo que ir também no hospital pegar outra receita”. (em 04:54)
Eduardo Silva é repórter no site 32xSP e fez, recentemente, uma reportagem sobre a rotina das crianças com deficiência nas periferias. Ele enfatizou que mesmo antes da pandemia, a cidade já não era nada amigável para as mães que têm filhos que usam cadeiras de rodas, por exemplo.
“A gente fala muito sobre estar dentro de casa isolados e aquela vontade que temos de sair às ruas. Mas as mães que têm filhos que usam cadeiras de rodas, por exemplo, não se sentem convidadas a sair porque a cidade não é acessível. Hoje em dia toda a população tem uma preocupação em relação aos desafios da quarentena, mas essas mães já vivem [grandes desafios] há muito tempo”. (em 05:39)
A terapeuta Vanessa deixou algumas dicas para ajudar as crianças a se adaptarem ao período. “Propor brincadeiras na realização das próprias tarefas, como tomar banho, se trocar e servir a mesa. Também usar tabelas para ver quem pode fazer o que de acordo com as habilidades de cada um, levando em consideração que pode haver mais de uma criança nesse domicílio”. (em 06:26)
Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #23: Crianças com deficiência e os cuidados durante o isolamento social.
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