Pesquisa de qualidade de vida da Rede Nossa São Paulo e Ibope também mostra a relação dos moradores da cidade com as subprefeituras e a Câmara Municipal
Por: Redação
Publicado em 24.01.2020 | 16:40 | Alterado em 24.01.2020 | 16:40
Os paulistanos das classes D e E são quem têm maior grau de satisfação em relação à qualidade de vida na cidade e também os que mais se sentem incluídos na comunidade ou bairro onde vivem. Os resultados fazem parte da pesquisa “Viver em São Paulo: Qualidade de Vida”, lançada nesta semana pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope.
“Gosto da cultura do meu bairro e por ser um lugar aconchegante. Aqui não tem pessoas esnobes, todo mundo é mais humilde”, diz o malabarista Daniel Freitas, 20, morador do Jardim Pantanal, na zona leste.
Ainda de acordo com o levantamento, junto à população do centro da cidade, os moradores da região leste também são os que mais gostam de onde moram. Cinco em cada 10 entrevistados relatam “gostar muito” de onde estão.
“Eu daria nota 8 para o meu bairro. Só não daria mais por conta de estrutura que a gente não tem, mas nesse caso já não é culpa nossa. É mais culpa do governo e das instituições públicas. Mas o bairro em si é nota 10”
Daniel Freitas, morador do Jardim Pantanal
No Brasil, de acordo com o IBGE, é considerado da classe E quem recebe até 2 salários mínimos (de 0 a R$ 2.090) e da classe D quem tem renda de 2 a 4 salários mínimos (R$ 2.091 a R$ 4.180).
Já a análise adotada na pesquisa parte do Critério de Classificação Econômica, criado pela Associação Brasileira de Pesquisa (ABEP). Nele, a definição de classe é calculada a partir de critérios como a posse de bens, a escolaridade do chefe da família, a maneira como a água chega ao domicílio e a situação da rua onde o entrevistado mora.
VIDA POLÍTICA EM SÃO PAULO
Praticamente seis em cada dez paulistanos (57%) declaram não participar de nenhuma atividade voltada à vida política da cidade. A autônoma Maria de Lourdes, 34, faz parte deste grupo. “Tem que brigar muito para as coisas melhorarem. Mas eu não gosto dessas brigas. Não vale a pena, não”, comenta.
Apesar da percepção positiva em relação à comunidade e à vida no município, uma parcela dos entrevistados da pesquisa da Rede Nossa São Paulo e Ibope, pertencentes às classes D e E, dizem que a qualidade de vida na cidade piorou, considerando os últimos 12 meses.
“Aqui tem deficiência de saúde, de infraestrutura… Faltam muitos serviços para a população”, relata o vendedor Jamilson Bartonche, 59, morador de Guaianases, no extremo leste da capital paulista. Ele, ao contrário da maioria na região, diz não estar satisfeito com o bairro.
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Bartonche também está incluído em um recorte dos paulistanos que declararam não participar de atividades na Câmara Municipal (91% em toda a cidade).
“Nunca tive acesso a esse espaço, nem sei se por aqui existe. Deve ter, mas eu nunca vi”
Jamilson Bartonche, morador de Guaianases
Na região, existe a subprefeitura de Guaianases, que atende ao distrito de mesmo nome e ao vizinho, Lajeado. Apesar de terem sido criadas para “aproximar o paulistano da administração municipal”, praticamente 1/3 dos moradores (30%) não conhece as funções desempenhadas por elas. Nas classes D e E, esse índice sobe para 56%.
“Acho que a população poderia ser melhor orientada sobre isso. Precisamos ter mais divulgação”, sugere Aparecida Rodrigues, 40, microempreendedora em Cidade Tiradentes, no extremo leste.
Ela relata não ter conhecimento das ações que ocorrem na subprefeitura do distrito, mas afirma que, quando precisa solicitar algum serviço, recorre ao telefone 156, da Prefeitura de São Paulo.
Situação semelhante descreve a auxiliar de serviços gerais Ana Luiza Vital, 62, moradora do Jardim Miriam, na zona sul, pertencente à Subprefeitura de Cidade Ademar: “Eu não sei quais são os serviços [da subprefeitura]. Nem sei quem é o subprefeito, eles não avisam”.
O subprefeito de Cidade Ademar, José Rubens Domingues Filho, assumiu a regional há menos de um ano, em maio de 2019. Antes, o cargo era ocupado por Júlio César Carreiro, nomeado pelo ex-prefeito e atual governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em 2017.
“Eu acho que deveriam entregar panfletos, fazer eventos, estar mais perto das pessoas pra gente poder saber quais são os serviços. Nem todo mundo tem computador ou sabe mexer na internet”, finaliza Ana Luiza.
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