Exemplos de vida e trabalho, o que pensam os trabalhadores de São Mateus sobre o 1º de Maio
Por: Matheus Oliveira
Notícia
Publicado em 01.05.2019 | 8:32 | Alterado em 02.05.2019 | 9:31
Exemplos de vida e trabalho, o que pensam os trabalhadores de São Mateus sobre o 1º de Maio.
Tempo de leitura: 3 min(s)“O que é o Dia do Trabalho para você?”. Com esta pergunta a Agência Mural esteve na Avenida Mateo Bei, em São Mateus, na zona leste de São Paulo. Ouvimos 10 trabalhadores sobre a importância da data e o que ela representa em 2019. Um pequeno retrato do que são e o que pensam os mais de 9 milhões de trabalhadores da Grande São Paulo, segundo o Dieese.
“Tem alguma coisa pra comemorar?”, foi a primeira resposta, reflexo de vidas desanimadas pelo aumento do custo de vida, o desemprego na casa dos 13 milhões no país (são 1,7 mi na região metropolitana) e a reforma da previdência.
Por outro lado, o dito ‘trabalhar dignifica’ permanece no Brasil, onde há poucos anos foi manchete a ascensão da classe C. A ideia de que trabalhar é um jeito de conquistar bens e ajudar o próximo.
Nesta reportagem, os dez entrevistados exercem uma função especial: lecionam a maneira de lidar com a vida. As frases pinçadas dessas conversas mostram que a crença na esperança e a fé no amanhã são o que a periferia tem a comemorar neste 1º de maio de 2019.
“Tem alguma coisa pra comemorar?. A gente que trabalha por conta, tem que vender. Não dá para não trabalhar. Tô aqui desde os meus 11 anos. Eu gosto do que eu faço, vejo gente e as pessoas me veem”, afirma o vendedor de lanche grego Danilo Costa, 27.
“Sem trabalho não dá para viver, né? Daqui tiro o dinheiro pra sustentar minha família, é nisso que vem o prazer. Poder colocar comida na mesa, deitar de consciência limpa e dar um apoio a quem pede”, diz o pedreiro Alciono Vieira de Oliveira, 41.
O frentista George Silva dos Santos, 37, vê a data como um dia comum. “É feriado, mas dependo da escala. Para mim Dia do Trabalho é um dia normal. Nunca fui em festa sindical e em show que tem por aí. Eles fazem festa, mas não tem o que comemorar. A vida fica cada dia mais doída”.
“O dia do trabalhador é o nosso dia. Dia que a gente pode parar pra pensar e aprender mais. Ver que quem fica em casa também é trabalhador. Cuidar da casa e criar criança também é trabalho. Todos nós somos trabalhadores”, afirma a varredora Princiane Jesus, 26.
“É pelo que fazemos que somos reconhecidos. Pelo nosso trabalho seremos lembrados. Por isso trabalho com amor, trato todo mundo bem. Assim se ganha o pão para o corpo e para a alma”, opina a panfletista Sueli Pereira Bueno, 62.
“Trabalhar é tudo. É progredir na vida, pagar conta, ajudar a família. E para tudo isso sem saúde não vai. Serviço ajuda a ser alguém na vida e a ter uma vida. Por isso temos que viver como se fosse o último dia”, comenta o segurança Gilson Carlos, 49.
“O dia do trabalhador é feriado, dia de descansar. Aqui em São Paulo é só trabalho, nunca tem tempo para o lazer. Sou de Manaus (AM) e lá as pessoas trabalham e relaxam diferente. Na rua a gente encontra gente de todo o canto e jeito de trabalhar diferentes”, aponta a cabeleireira Maria José Lopes, 42.
“Acho uma data importante, 1º de maio. Uma comemoração justa. Comemoram tanta coisa, porque não o trabalhador que está empenhado em tudo? Nada acontece sem a mão de alguém para fazer por você”, ressalta o ambulante Anderson Andrade, 33.
“Pra mim o dia do trabalhador significa a mulher que levanta cedo e pega busão. Trabalha para realizar o sonho dos outros. Se sobra tempo e energia corre atrás de realizar seus próprios sonhos”, avalia a vendedora de roupas Natalia Aparecida, 23.
Operário na metalurgia, Francisco de Assis Lucio dos Santos, 64, não deixa a data passar em branco. Nem poderia. “Dia do trabalho eu aproveito mesmo porque é meu aniversário, vou estar de folga. Celebro a minha vida e a vida que o serviço me dá, essa saúde que Deus me dá pra continuar trabalhando”.
Jornalista, educomunicador e correspondente de São Mateus desde 2017. Amante de histórias e de gente. Olhar sempre voltado para o horizonte, afinal, o sol nasce à leste.
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.
Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.
Envie uma mensagem para republique@agenciamural.org.br