Nas paredes, além dos quadros, há fotografias de vários momentos do Pavilhão do Carandiru
Por: Redação
Publicado em 25.11.2016 | 13:00 | Alterado em 25.11.2016 | 13:00
Carandiru. Quem escutar esse nome dificilmente pensará em cultura ou lazer, mas na antiga Casa de Detenção onde ocorreu o massacre que vitimou 111 presos em 11 de outubro de 1992. Próximo ao local, onde atualmente está construído o Parque da Juventude, também está o Museu Penitenciário Paulista.
Por lá está exposta uma Harley-Devidson. Em miniatura, é claro. Produzidas pelos presos como terapia. Há também réplicas de armas confeccionadas com materiais encontrados nos estabelecimentos prisionais.
Assim como outros museus, o Museu Penitenciário também tem obras de arte: em sua maioria, óleos sob tela. A maior parte deste acervo é da década vinte e foi produzida por presos comuns. Hoje, o trabalho com pintura é mais freqüente entre presos psiquiátricos.
O improviso também está presente em várias peças. É possível encontrar um micro-ondas que não é de nenhuma marca. Ele foi fabricado pelos próprios detentos e era utilizado para esquentar a comida. O material? Fórmica. “Nós deveríamos aprender reaproveitamento (de matéria prima) com os presos” brinca a guia Luna, que trabalha no museu há um ano e meio.
Nas paredes, além dos quadros, há fotografias de vários momentos do Pavilhão do Carandiru, como por exemplos registros de shows que artistas como Rita Cadilac e Raúl Gil realizaram para os detentos. A dançarina de TV, inclusive, acabou recebendo o título de madrinha dos detentos.
No museu também se descobre um pouco da história do sistema penitenciário de São Paulo e de como ele, em algum momento, já foi vanguarda. No início do século passado, as prisões de São Paulo foram pioneiras em trabalhar com a ressocialização. As celas individuais não eram luxo e sim regra. O padrão era que as prisões tivessem bibliotecas, marcenarias e até uma casa para o diretor num terreno próximo da cadeia.
O Museu existe desde a década de 20, mas segundo os próprios funcionários é a primeira vez que o acervo fica em lugar de fácil acesso. Ele já chegou a ficar exposto em penitenciárias e até mesmo em salas da Secretaria de Administração Penitenciária.
A transferência para o bairro do Carandiru, hoje sob supervisão da subprefeitura de Santana/Tucuruvi, ocorreu em 2014 e contribuiu para aumentar as opções culturais da região. Segundo dados do Observatório Cidadão, entre 2006 e 2015 o número de museus na região passou de dois para seis.
Hoje a instituição chega a receber 600 pessoas por mês. A maioria é alunos de escolas que chegam para excursões. A professora Patrícia Sponton, 35, estava com um grupo de cerca de vinte alunos de uma escola municipal e disse que é a terceira vez que ela vai ao espaço, mas a primeira acompanhando estudantes. “Eles [os alunos] vão fazer um trabalho sobre o sistema penitenciário e aqui é o lugar certo. Gosto muito dos quadros. São maravilhosos”, afirmou.
O Museu Penitenciário Paulista funciona de segunda à sexta-feira, das 11h às 16h. Às quartas-feiras é exibido um filme selecionado sobre a história do sistema penitenciário sempre às 16h. O local possui acessibilidade e banheiro para pessoas com deficiência.
Foto: Museu Penitenciário Paulista
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