Levantamento avalia 53 indicadores e é realizado há seis anos. Versão 2018 foi divulgada nesta quarta-feira (28)
Por: Redação
Publicado em 28.11.2018 | 18:29 | Alterado em 28.11.2018 | 18:29
Nos últimos quatro anos, pouco foi feito para combater a desigualdade social na cidade de São Paulo. É isso que mostram os resultados do Mapa da Desigualdade 2018.
O estudo é desenvolvido pela Rede Nossa São Paulo desde 2012 e nasceu com o objetivo de analisar os resultados de políticas públicas no município.
Para realizar essa análise, o Mapa leva em consideração o desempenho de 53 indicadores, em temas como cultura, habitação, saúde, educação, trabalho, violência e mobilidade, nos 96 distritos de São Paulo.
Américo Sampaio, sociólogo e gestor de projetos da Rede Nossa São Paulo, explica que, além de ser uma ferramenta importante para o poder público saber quais áreas necessitam de um maior investimento, o levantamento também serve para que a população possa monitorar o desempenho de ações governamentais nas regiões.
“Às vezes, uma política pública de saúde ou educação, por exemplo, pode ter uma boa avaliação na cidade como um todo, mas na sua região pode ser que aquela política não esteja sendo bem implementada”
Américo Sampaio, gestor de projetos
Ele ressalta que a pesquisa é fundamental para entender a desigualdade social no município de uma forma mais detalhada, dando números precisos para assuntos de interesse público.
“Quando você fala de um indicador municipal de uma cidade como a de São Paulo, com mais de 12 milhões de habitantes, se fala de um único dado para representar a cidade como um todo. Certamente este dado está escondendo um conjunto de elementos importantes”, explica Sampaio ao falar sobre a necessidade de ter indicadores para analisar a cidade de forma regionalizada.
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Em comparação aos quatro últimos anos, é possível perceber uma melhora na desigualdade em indicadores de saúde, por exemplo. O que não significa que políticas públicas melhoraram a saúde no município, apenas que a desigualdade em relação a este ponto foi reduzida entre um distrito e outro.
Apesar disso, Américo afirma que os resultados da publicação mostram que durante os últimos 10 anos a Prefeitura de São Paulo pouco fez para combater de fato a desigualdade na capital.
“A desigualdade em São Paulo está estagnada. É preciso que o governo consiga inverter as prioridades: colocar o combate às desigualdades como carro chefe da prefeitura, fazendo com que as periferias sejam não só o centro do debate público, como também o centro da discussão sobre o orçamento da cidade”, comenta.
NOVIDADES
Este ano, além da atualização dos dados apresentados durante os últimos seis anos, o Mapa da Desigualdade também trouxe novos indicadores.
Foi o caso do levantamento sobre números de denúncias de violência doméstica contra mulheres. No Jardim São Luís, localizado na zona sul da cidade, foram registradas 100 denúncias de agressão para cada 10 mil mulheres em 2017.
O dado se torna ainda mais expressivo se comparado a outros distritos como o Jardins, na zona oeste, onde o número de notificações não chega a uma denúncia para a mesma quantia de mulheres.
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“Vale ressaltar que esse dado trata apenas do número de denúncias. Em detrimento às regiões periféricas, regiões consideradas nobres, como o Jardins, possuem uma questão de subnotificação. Ou seja, de forma alguma esse dado significa que as mulheres são mais agredidas nas periferias do que nas áreas mais ricas. Ele fala apenas sobre quantidade de denúncias”, explica Sampaio.
Outro novo ponto levantado pela pesquisa neste ano foi a questão da desigualdade de renda entre homens e mulheres.
No distrito da Consolação, região central da capital paulista, o estudo mostra que as mulheres ganham, em média, 40% a menos do que os homens, enquanto no Jaraguá, zona noroeste, são as mulheres que ganham 15% a mais do que os homens.
“Infelizmente não tem como comemorar esse dado porque, dos 96 distritos da cidade, apenas em sete as mulheres ganham mais que os homens. Além disso, nos distritos em que os homens ganham mais, eles também ganham muito acima da média se comparados às mulheres que ganham mais”, analisa o sociólogo.
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