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Sem explicação, Prefeitura de Cotia suspende entrega de kits de enxoval para mães

“Mãe Cotiana” não funciona desde março. Em janeiro, prefeitura alegou que não haveria cancelamento, mas as entregas pararam há cinco meses

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Arquivo Pessoal

Por: Halitane Rocha

Notícia

Publicado em 26.08.2021 | 11:15 | Alterado em 22.11.2021 | 16:15

Tempo de leitura: 3 min(s)

Desde março, Pamela Lotério, 32, aguarda o kit enxoval que era entregue pela prefeitura de Cotia, na Grande São Paulo. Parte do chamado “Mãe Cotiana”, o programa distribuía banheira, body de bebê manga longa, bolsa de maternidade, manta infantil, conjunto de mamadeira, carrinho de rodinhas, entre outros itens.

Ao entrar em contato com o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), Pamela foi avisada de que o programa estava suspenso. “A gente contava mesmo com o kit [Mãe Cotiana]. Seria uma segurança de uma economia a mais”, lamenta. 

O programa começou na gestão do atual prefeito Rogério Franco (PSD), durante o primeiro mandato, em 2019. Reeleito no ano passado, a expectativa era de continuidade do projeto, mas desde o começo do ano a situação é incerta. 

Na última entrega dos kits, realizada em janeiro, foi anunciado que mais de 500 gestantes foram beneficiadas em apenas duas edições. Porém, nos dias seguintes, gestantes começaram a relatar dificuldade para fazer o cadastro. Na época, a gestão negou e disse ser falha na comunicação. Mas desde março os itens pararam de ser entregues.

A suspensão do serviço afetou famílias que já viviam os impactos da pandemia de Covid-19, como a de Pamela. 

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Desempregada, Pamela contava com o kit Mãe Cotiana para economizar na montagem do enxoval @Arquivo Pessoal

“Estou desempregada e continuei mandando currículo, conversando com pessoas, e mesmo tendo bastante experiência [em gestão de pessoas], recebi várias propostas, mas quando você informa que você está grávida, né? Que a gravidez é de alto risco, as portas já se fecham”, desabafa. 

No início do ano, Karen da Silva, 31, também tentou pegar o kit do enxoval e não conseguiu. Fui até a secretaria da saúde e lá me informaram que estão aguardando uma licitação para liberar o kit Mãe Cotiana, mas até agora não liberou”, reclama a cuidadora.

Sarah Santana Mendes, 17,  conseguiu fazer o cadastro do programa, mas o bebê nasceu em maio. “A moça [do Creas] disse que era para esperar que iam me chamar para pegar e até hoje isso não aconteceu”, também reclama. 

Sem ganhar o kit do enxoval, Sarah conseguiu ganhar um carrinho de uma prima, que a ajuda no dia a dia, “Uso dentro de casa pra colocar o meu filho. Enquanto eu vou fazendo alguma coisa.”

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Segunda edição de entrega do kit Mãe Cotiana pela prefeitura de Cotia @Vagner Santos/Divulgação

Julie Santana, 27, foi uma das primeiras contempladas pelo programa em 2019. Durante a terceira gestação, ela e o marido estavam desempregados e o kit amenizou as dificuldades da época.

“Recomendei para algumas pessoas, os produtos são de qualidade. O carrinho de bebê novo é muito bacana porque é um dos itens mais caros do enxoval de bebê”, elogia a operadora de caixa. 

O programa também previa apoio psicossocial para os cuidados com o bebê, inserção em grupos de orientação para gestantes e de incentivo ao aleitamento materno e transporte gratuito, quando necessário, para a mãe ir às consultas de pré-natal, exames e consultas de rotina do bebê, até completar um ano de idade. 

A Agência Mural tentou entrar em contato com a prefeitura para saber o motivo da suspensão e o número de pessoas beneficiadas desde 2019, mas não teve retorno. 

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VAQUINHA

Pamela relembra como foi pega de surpresa com a descoberta da gestação: “Em junho do ano passado, quando a minha menstruação parou de vir, fui procurar ajuda médica e precisei entrar num tratamento porque minha prolactina estava no nível muito elevado.”

A prolactina é um hormônio que pode causar alteração menstrual e infertilidade. E em outubro de 2020, sem voltar a menstruar, foi realizar o ultrassom de rotina e descobriu a gravidez. “Benjamin Peni já veio como um presente mesmo, né? De uma maneira inesperada”, diz. 

Mesmo com todos felizes com a chegada do Benjamin, a família não deixa de se preocupar com a situação financeira, com apenas o marido trabalhando. Para enfrentar este momento e sem se colocarem em risco na pandemia, o casal decidiu abrir uma vaquinha online.

“Está bem devagar a vaquinha, todo mundo numa luta né”, contou Pamela em junho. Benjamin nasceu no começo deste mês. “A gente se virou né, mas tem muitas mães que não tem uma rede de apoio”, diz a mãe que conseguiu a doação de um carrinho de R$ 450.

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Halitane Rocha

Produtora do podcast Próxima Parada e correspondente de Cotia desde 2018. Mãe de gêmeas e 2 gatas. Família preta e do axé… muita treta!

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