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Greve nas periferias tem padre manifestante, escolas sem aula e ônibus parados em Guarulhos

Por: Lucas Veloso e Jéssica Souza e Lucas Landin e Giacomo Vicenzo e Katia Flora e Paulo Talarico e Priscila Pacheco e Micaela Santos

Moradora da Cohab 2, na zona leste de São Paulo, a auxiliar de faturamento Rosângela da Silva Campos Albano, 37, costuma sair de casa às 5h30, para chegar às 7h no trabalho, que fica na Penha.

Todos os dias fica sozinha, no escuro, esperando a lotação. As dúvidas sobre a paralisação nesta sexta-feira (14) a fizeram sair mais tarde, para evitar problemas. “Já que não sabia se teria ônibus, fiquei com medo de ficar na rua muito tempo”, conta.

Acabou chegando 8h15 no serviço, porque pegou trânsito na avenida Líder. Apesar da incerteza vivida por Rosângela, a paralisação teve pouco impacto em boa parte dos serviços da capital e de cidades da Grande São Paulo.

Com exceção do metrô, que teve paralisação parcial de várias linhas (a estação Jabaquara seguia fechada às 16h), usuários conseguiram utilizar os ônibus e os trens da CPTM.

Passageiros encontraram portas fechadas na estação Jabaquara do metrô (Kátia Flora/Agência Mural)

Durante o dia, a Agência Mural acompanhou a situação das periferias ao longo da paralisação. Os protestos tiveram como foco a reforma da previdência, mas também havia ações relacionadas aos cortes na educação. Em 15 de maio, 14 cidades tiveram protestos na Grande SP.

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A principal adesão aos protestos veio de professores, metalúrgicos e bancários que confirmaram a paralisação. Os motoristas de ônibus municipais, por outro lado, estavam nas ruas no começo do dia.

Houve escolas fechadas no Grajaú, na zona sul, e em Cidade Tiradentes, na zona leste, onde fica o Centro Educacional Infantil Inconfidentes.

“Eu acredito que temos que lutar para não haver mais um retrocesso, é praticamente impossível um idoso sobreviver hoje com a aposentadoria que recebe, quem dirá se acontecer essa reforma”, reclama a professora da unidade Caroline Silva Santos, 32.

PADRE PARTICIPA DE PROTESTOS

O padre Paulo Sérgio Bezerra celebrou nesta sexta-feira (14) 39 anos de sacerdócio em Itaquera, na zona leste. A data não impediu ele de se reunir com manifestantes que protestavam contra a reforma da previdência.

Depois de percorrerem alguns metros pela região, o grupo se reuniu perto da estação de metrô de Itaquera, da linha 3-vermelha. Lá, o clérigo indicou a leitura de uma cartilha feita pelo movimento “Povo sem Medo”, com explicação sobre pontos da Reforma.

“Esse é sinal de que o povo não está quieto, não se engana. Que a reforma não seja feita a partir de nós, mas de quem está levando embora o nosso dinheiro”, afirmou o religioso. “Coragem pra luta e que nada nos impeça de avançar”, completou.

PROBLEMAS PARA CHEGAR

Na zona sul, no bairro Cidade Ipava, no distrito de Jardim Ângela, Maria Lúcia Ferreira da Silva saiu de casa às 7h30. Mas com poucos ônibus circulando, só conseguiu chegar ao trabalho por volta das 10h no bairro do Brooklin Novo, em Itaim Bibi, na zona oeste de São Paulo.

Quem viveu mais problemas com relação aos ônibus foram os moradores de Guarulhos, na Grande São Paulo, onde a situação ainda não foi normalizada. Por lá, as linhas intermunicipais geridas pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), assim como as municipais, não circularam.

A prefeitura acionou um plano emergencial para atender os 361 mil passageiros.

Greve no centro de Osasco (Paulo Talarico/Agência Mural)

O transporte não teve paralisações nas cidades de Osasco, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Suzano, Franco da Rocha e São Bernardo do Campo, apesar da realização de alguns atos.

“Aqui boa parte da população votou nesse projeto de governo sem saber o que ele significa”, afirmou o vigilante Jeferson Ferreira, 23. Ele participou de uma caminhada que passou pelas principais vias do centro de Osasco, na Grande SP.

Para ele fazer um ato na cidade foi importante por estar próximo da população da periferia da cidade.  

No ABC, algumas vias em Santo André e São Bernardo tiveram ações para bloquear vias como a Anchieta, mas foram momentos isolados, sem causar bloqueio das vias.

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