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Falta de vagas deixa 92 mil crianças fora das creches e escolas em toda a cidade

A região está entre as cinco piores no percentual de matrículas efetuadas em relação ao total de inscritos para atendimento em creches

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Por: Redação

Publicado em 09.05.2017 | 13:52 | Alterado em 09.05.2017 | 13:52

Tempo de leitura: 2 min(s)

Desempregada, mãe de três filhos e moradora em uma casa alugada, no Jardim Brasil, Prefeitura Regional de Vila Maria/Vila Guilherme, há nove meses, Mislene Cabral, 35, aguarda uma vaga em creche para o pequeno Lucas Gabriel, de dois anos. Longe de ser um caso isolado, o drama dessa mãe da zona norte se estende a famílias de toda a cidade.

Levantamento do mês de março, feito pela Secretaria Municipal de Educação, mostra que a fila de espera por vagas em creches e pré-escolas de São Paulo chega a 92 mil crianças, das quais 2.700 são da região de Vila Maria/Vila Guilherme.

Observatório Cidadão confirma que essa região da cidade está entre as cinco piores no percentual de matrículas efetuadas em relação ao total de inscritos para atendimento em creches.

“Preciso voltar a trabalhar, não posso ficar cuidando dos filhos e só o Marcos sustentando a casa. Meu marido começou no emprego há um mês e está sobrecarregado”, diz Mislene, inconformada com a situação. Marcos da Silva, 33, trabalha como balconista em uma farmácia.

Segundo ela, o casal não tem como pagar uma escola particular ou mesmo uma pessoa para cuidar do filho.

“A creche é um lugar para o desenvolvimento da criança. Lá, ela aprende a se comunicar e começa a enxergar o mundinho dela. Antes de ir pra escola, o Marco Antonio, meu filho mais velho, era retraído e com a creche ele se soltou, ficou mais comunicativo. Sem trabalhar, minha situação também é muito triste, pois as crianças pedem coisas e eu não posso dar”, lamenta.

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Mislene, Marcos e o filho Lucas Gabriel (Crédito: Sidney Pereira)

Sem ter qualquer previsão de atendimento pela prefeitura, Mislene procurou a Defensoria Pública do Estado de São Paulo para entrar com ação judicial. “Eu tive um primeiro atendimento e agora vou levar os documentos. Eles disseram que podem tentar adiantar o processo [de obtenção da vaga], mas que não é garantido”, diz.

Sobre a procura de famílias interessadas em pleitear a vaga por via judicial, o órgão informou ao 32xSP que 140 casos são agendados todos os dias e que o tempo entre o ajuizamento da demanda e a concessão da medida liminar varia de um a três meses.

A Defensoria Pública também destacou que, em geral, a decisão judicial é favorável ao pedido de vaga em creches, mas a grande questão é o tempo de cumprimento. Os pais interessados podem agendar o atendimento pelo telefone 0800-7734340.

Questionada sobre a gravidade do problema da falta de vagas, a Secretaria Municipal de Educação (SME) justificou que “a atual administração está trabalhando, neste momento, para zerar em um ano o déficit de vagas deixado pela gestão anterior”.

A SME também confirmou que a família de Lucas Gabriel fez o cadastro em 18/08/2016 e atualmente aguarda vaga em 18 Centros de Educação Infantil localizados a menos de 2 mil metros do endereço residencial. “A matrícula na Educação Infantil obedece à ordem de cadastramento, conforme disponibilidade de vagas nas unidades, na faixa etária da criança”, esclareceu.

Foto principal: Sergio Amaral/MDS

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