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Em Itaquaquecetuba, prefeito escapa de dois processos de cassação

Outras três cidades do Alto Tietê também viveram crises ao longo dos últimos anos

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Divulgação

Por: Lucas Landin

Notícia

Publicado em 15.01.2020 | 15:44 | Alterado em 15.01.2020 | 15:48

Tempo de leitura: 4 min(s)

A situação política de Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo, ficou agitada desde dezembro de 2018. Após a eleição da presidência da Câmara Municipal, o prefeito  Mamoru Nakashima (PSDB) perdeu o apoio da maioria dos vereadores e teve trabalho para arquivar processos de cassação. 

O cenário é semelhante ao de cidades vizinhas, na região do Alto Tietê. A Agência Mural contabilizou ao menos 12 crises políticas em cidades da região metropolitana ao longo dos últimos anos. Dessas, quatro estão na região onde fica Itaquaquecetuba. 

No caso de Nakashima, a situação mudou quando o vereador de oposição Edson da Paiol (Pode) assumiu a presidência.   

Paiol é cotado para ser candidato a vice-prefeito na chapa do empresário Lucas Costa (sem partido), o Lucas do Liceu, um dos favoritos para as próximas eleições. 

Nakashima (PSDB) passou por dois processos de impeachment ao longo do mandato. O primeiro foi protocolado ainda em 2017 por Adervaldo Santos (PSOL) e Mário Berti (PROS), baseado na acusação de abuso de poder econômico durante as eleições de 2016, onde Mamoru conseguiu a reeleição. 

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Mamoru Nakashima está no segundo mandato em Itaquaquecetuba @Divulgação

Na ocasião, o prefeito contou com apoio de 18 dos 19 vereadores da Casa, e o pedido  foi rejeitado. O único voto contra Mamoru foi de Armando Tavares Neto (Patri), filho do ex-prefeito Armando da Farmácia, voz até então isolada na oposição.

Com a troca na presidência da Casa, a situação se agravou. O novo grupo, autointitulado “G10”, passou a comandar o legislativo. Edson do Paiol não demorou para acatar as denúncias contra a gestão.

Em março do ano passado, um novo pedido de afastamento foi protocolado, desta vez por Armando Tavares Neto. Numa sessão tumultuada, Nakashima não perdeu o mandato por pouco: foram 9 votos contra, 9 votos a favor e 1 impedimento: Armando não pôde votar, por conta de conflito de interesses.

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Prefeito acusou os vereadores de ‘politicagem’ e negou acusações @Divulgação

Durante o processo, Mamoru e os opositores trocaram farpas pelas redes sociais. “Programamos ações em vários bairros da cidade, mas o grupo de oposição estão impedindo (sic) a saída das máquinas e funcionários […] por politicagem, achando que estão atacando a administração, mas na verdade, estão prejudicando o povo de Itaquá”, disse o prefeito, em seu Facebook.

Por outro lado, o tucano sofreu derrotas. No ano passado, o plenário rejeitou as contas de 2015 da gestão Nakashima, por 9 votos a favor, 8 contra e 2 ausências. 

A rejeição de contas pode torná-lo inelegível por oito anos. Mas isso não o impede de se movimentar para fazer um sucessor: o mandatário já articula a campanha de prefeito de seu “super secretário” de Finanças e Saúde, William Maekawa Harada (PL).

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PRESO

Políticos de cidades vizinhas a Itaquaquecetuba não tiveram a mesma sorte. Em agosto de 2018, o então prefeito de Biritiba Mirim, Jarbas Aguiar (PV) foi afastado pela Câmara Municipal, por unanimidade. Acusado de improbidade administrativa, Jarbas foi gravado entregando maços de dinheiro a três vereadores do município de 20 mil habitantes. 

Aguiar conseguiu retornar ao comando do município por meio de uma decisão judicial, mas, duas semanas depois, voltou a ser afastado, desta vez pela Justiça. Ele foi condenado por improbidade administrativa pela nomeação de Ronaldo Júlio de Oliveira, o Ronaldo Porco, como secretário de Governo de Biritiba. 

Segundo o MP, Porco é condenado em segunda instância por lavagem de dinheiro e relação com o PCC (Primeiro Comando da Capital).

A decisão também determinou o pagamento de multa no valor de R$ 374 mil, o equivalente a 25 vezes o valor do salário de Ronaldo Porco como secretário. O então vice-prefeito Walter Hideki Tajiri (PTB) assumiu a prefeitura, e é ele quem governa Biritiba desde então.

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Karim El Nashar e o prefeito de Ferraz de Vasconcelos, Zé Biruta @Divulgação

VICE AFASTADO

Desde julho do ano passado, Ferraz de Vasconcelos não tem vice-prefeito. Karim Yousif El Nashar (PP), eleito na chapa do prefeito José Chacon, o Zé Biruta (PRB), foi cassado pela Justiça após ter sido afastado duas vezes do cargo, em 2017 e 2019. 

El Nashar é acusado de participar de um suposto esquema de fraudes em licitações e desvio de dinheiro público, enquanto era secretário de Assuntos Jurídicos de Ferraz, na gestão do ex-prefeito Acir Filló (2013-2015; então no PSDB), que está preso por enriquecimento ilícito.

El Nashar também foi acusado de atuação criminosa em conjunto com o ex-secretário de Biritiba Mirim, Ronaldo Porco. 

Nos últimos anos, Ferraz teve dois ex-prefeitos presos: além de Filló, o antecessor, Jorge Abissamra (PSB), também foi preso em 2017 por acusação de enriquecimento ilícito.

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Prefeita Fábia Porto, de Santa Isabel @Divulgação

SANTA ISABEL

Em 2016, Fábia Porto Rossetti (PRB) fez história ao ser a única mulher eleita para comandar uma cidade na região do Alto Tietê. Porém, a prefeita viu a credibilidade desmoronar após uma investigação do Ministério Público, que a acusou de supostamente receber propina da PEM, empresa concessionária do transporte público no município. 

Segundo o MP, Rossetti teria aplicado a suposta verba irregular na compra de um imóvel.

Em novembro de 2018, o MP ordenou o afastamento de Fábia por 180 dias. Em seu lugar, assumiu o vice Carlos Chinchilla (PTB), que chegou a exonerar servidores ligados à prefeita. Mas apenas um dia após o afastamento, Rossetti conseguiu retornar ao cargo, devido à revogação da sentença pela 11ª Câmara de Direito Público.

A Câmara de Santa Isabel criou uma comissão processante para apurar as irregularidades. O relatório dessa comissão foi votado em plenário em maio de 2019, numa sessão que durou mais de oito horas. Fábia foi absolvida por 10 votos a 5, e continuou no cargo. Agora, é cotada para disputar a reeleição. 

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Lucas Landin

Mestrando em políticas públicas pela Universidade do Chile. Amante da política, das ferrovias e dos felinos. Entusiasta do transporte público. Correspondente de Itaquaquecetuba desde 2015.

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