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Rolê

Carnaval em Guaianases tem samba com homenagem a Marielle Franco

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Por: Lucas Veloso

Notícia

Publicado em 01.03.2019 | 10:50 | Alterado em 28.07.2021 | 16:23

RESUMO

Nascido em 2008, Cordão Boca de Serebesqué aborda temas que afetam moradores da região e também política na Praça Getúlio Vargas

Tempo de leitura: 3 min(s)

“Em cada rua há de florir / (Marielles) / Em cada praça a de sorrir (Moas do Katende) / Em Guaianases o povo na rua como é que é / É o Cordão do Boca de Serebesqué”.

Todo ano é a mesma coisa. Sábado de carnaval é dia da saída do cordão carnavalesco Boca de Serebesqué, em Guaianases, zona leste. Estes são alguns dos versos que vão dar o tom do bloco, nascido do movimento cultural dos Guaianás, nome dos indígenas originários no bairro.

O cordão nasceu em 2008 e o movimento tem o objetivo de discutir temas culturais da região, além de demandas dos moradores. A professora Ana Paula Santos, 38, é uma das integrantes do cordão. Participa do carnaval com o grupo desde o segundo ano, quando descobriu o movimento por meio de alguns amigos que estavam envolvidos na festa.

“Nós participantes do cordão, coletivamente, levantamos alguns tópicos que aconteceram no ano anterior e a partir daí o compositor, mestre da nossa bateria, escreveu a letra”, relembra Paula.

Geralmente, todas as decisões são coletivas e discutidas em grupo. Os ensaios da bateria foram às terças e domingos no espaço cultural Mundo da Lua, em Guaianases. Ainda, segundo a professora, a resistência da população negra periférica e a luta das mulheres, diante do avanço da violência contra essa população são as principais mensagens da composição.

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Grupo tem 11 anos de carnavais na zona leste (Nômade Griot)

“Neste ano, entre os vários acontecimentos, dois foram bem marcantes: os assassinato de Marielle Franco e de Moa do Katende, os dois motivados por questões políticas”, comenta Amilton Rogério dos Reis, 40, conhecido por Tita Reis, músico responsável pelo samba do ano.

Vereadora no Rio de Janeiro, Marielle foi assassinada em março do ano passado e o crime ainda não foi solucionado. Já o mestre de capoeira Moás do Katende foi esfaqueado em outubro, após uma discussão política durante as eleições de 2018.

“Escrevi a letra saudando a contribuição dos dois para a luta e resistência, contra a violência, o racismo e o machismo”, completa.

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Em todas as edições, além da diversão, o interesse do grupo é colocar o cordão na rua para criticar o carnaval comercial das escolas de samba. Para o grupo, os desfiles tradicionalmente não permitem o acesso dos mais pobres.” As questões sociais também são sempre cantadas e dançadas nas letras produzidas pelo ‘Boca de Serebesqué’, expressão de origem rural que significa ‘quem fala muito’.

Por exemplo, em 2015, quando o estado de São Paulo sofreu uma crise pela falta de água nos reservatórios, a pauta do samba enredo foi a situação vivida pela população e o rodízio.

Possibilitar o carnaval na periferia é uma das preocupações do cordão. “O carnaval é uma manifestação cultural do nosso país. Ter carnaval na periferia é para favorecer aqueles que não conseguem se locomover para a região central, assim as pessoas nas periferias conseguem festejar também”, resume Paula, responsável pelo agogô.

“É uma manifestação popular, que traz muito da história negra e a periférica e segue festejando e cantando sua história”, define Tita.

SERVIÇO
Sábado, 02/03, às 16h
Praça do Mercado Municipal de Guaianases
Praça Presidente Getúlio Vargas, s/n – Guaianazes, São Paulo – SP, 08450-050

Lucas Veloso é correspondente de Guaianases
lucasveloso@agenciamural.org.br

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Lucas Veloso

Jornalista, cofundador e correspondente de Guaianases desde 2014.

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