Segundo a Secretaria Municipal de Educação, um dos obstáculos para a instalação de creches na região é a dificuldade para alugar imóveis novos
Por: Redação
Publicado em 05.10.2016 | 15:17 | Alterado em 05.10.2016 | 15:17
Após mais de trinta anos morando na zona leste de São Paulo, o vendedor Luciano Nascimento, 33, precisou mudar-se para a Sé, no centro da cidade. Aproveitou o novo emprego em uma loja de calçados da região e alugou um apartamento para morar com sua noiva Jaqueline e seu filho Joaquim Gabriel. Luciano, porém, não esperava passar por tantas dificuldades para conseguir uma vaga em creche para seu filho de dois anos. Desde a mudança, há cerca de oito meses, o vendedor aguarda em uma fila que parece não andar.
E, se os dados da Secretaria Municipal de Educação, obtidos através da Lei de Acesso Informação, e divulgados pela imprensa, estiverem corretos, a criança ainda precisará aguardar, pelo menos, mais quatro meses para poder ingressar na rede de educação infantil.
O distrito da Sé possui um dos maiores tempos de espera para se conseguir vagas em creches. Na faixa etária de Joaquim Gabriel, a demora pode levar até 407 dias (cerca de um ano e onze dias), perdendo apenas para Tatuapé (463 dias) e Vila Andrade (408 dias).
O Observatório Cidadão, da Rede Nossa São Paulo, aponta ainda que, desde 2014, a Sé é o distrito com menor atendimento de crianças em creche, posição que já havia ocupado nos anos de 2009, 2010 e 2011.
“Achei que seria o contrário, que seria mais fácil, já que agora estou morando no centro. Mas está mais difícil arranjar [vaga em creche] aqui do que lá no [Parque do] Carmo [onde morava]”, afirma Luciano.
O vendedor, que esperava economizar dinheiro e tempo em seus longos deslocamento do centro para a zona leste, conta que está gastando mais agora do que antes, já que, além do aluguel mais alto, precisa desembolsar R$ 500 por mês para que uma vizinha cuide da criança enquanto o casal trabalha.
De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, os maiores obstáculos para a instalação de creches na região são a dificuldade para alugar imóveis novos, pois a grande maioria está em péssimo estado de conservação; o grande número de prédios tombados como patrimônio público; e a predominância de edifícios comerciais, que exigem um grande esforço e gasto com adequações para serem utilizados como creches. Além disso, a prefeitura culpa a especulação imobiliária pelos altos custos para desapropriações.
Ainda assim, informou a secretaria em nota, a região da subprefeitura da Sé, que compreende os distritos da Liberdade, República, Bela Vista, Sé, Bom Retiro, Consolação, Cambuci e Santa Cecília, possui 44 creches, que garantem o atendimento a 6.048 crianças.
Apesar de o lema da Secretaria Municipal de Educação ser o de não deixar nenhuma criança fora da escola, ainda há cerca de cem mil crianças aguardando vagas em creches na cidade.
De acordo com o site Planeja Sampa, entre janeiro de 2013 e o final de agosto de 2016, 410 novas unidades foram construídas em toda a cidade.
Foto: Fabio Arantes/Secom
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