APOIE A AGÊNCIA MURAL

Colabore com o nosso jornalismo independente feito pelas e para as periferias.

OU

MANDE UM PIX qrcode

Escaneie o qr code ou use a Chave pix:

apoie@agenciamural.org.br

Agência de Jornalismo das periferias

Mariana Lima/Divulgação

Por: Humberto do Lago Müller

Notícia

Publicado em 19.11.2019 | 17:28 | Alterado em 23.11.2021 | 13:01

Tempo de leitura: 3 min(s)

O Dia da Consciência Negra é visto de forma diferente em cada uma das cidades da região metropolitana. Das 39 cidades que compõem a Grande São Paulo, 24 decretaram feriado por conta do 20 de novembro. Outras 14 têm o dia em seus calendários oficiais, mas com funcionamento normal dos serviços.

Criado em 2003, o Dia da Consciência Negra só foi oficializado nacionalmente em 2011. Porém, a adoção da data como feriado até hoje fica a critério de cada município por meio de legislação votada pelas Câmaras de Vereadores.

Alguns estados como Rio de Janeiro, Amazonas e Alagoas possuem decreto estadual que determina o feriado em todos os municípios.

Mesmo sem o feriado, muitas cidades adotam como ponto facultativo, caso de Cajamar e de Taboão da Serra. A maioria também recebe eventos durante a semana do dia 20, exemplo de Osasco e do Arujá (as duas cidades possuem em suas leis a Semana da Consciência Negra).

Lourdes Toledo e Rosa Marina Costa durante evento em Mairiporã @Mariana Lima/Divulgação

É o caso também de Mairiporã, onde não há feriado nem ponto facultativo, mas a data faz parte do calendário de eventos desde 2007.

Embora marque a ocasião da morte de Zumbi dos Palmares em 1695, o significado para muitos vai além de relembrar a vida do maior líder quilombola brasileiro, servindo também de palco para inúmeras discussões sobre memória e igualdade racial.

“Acredito que [o feriado] deveria ser geral pelo significado que este dia traz, para que cada vez mais se discuta essa temática e que, quem sabe um dia, o preconceito existente não seja tão grande”, opina a auxiliar de educação Renata Pereira Guimarães de Freitas, 28.

Renata trabalha na prefeitura de Franco da Rocha, onde a folga do feriado foi adiantada para quinta-feira (14) de maneira a coincidir com o feriado de Proclamação da República, na sexta-feira (15).

Esse tipo de alteração causou polêmica em Guarulhos, município com mais de 1 milhão de habitante. Lá o dia 20 é feriado desde 2013, mas a prefeitura decidiu criar uma emenda para os funcionários públicos no dia 18.

Por outro lado, o feriado foi mantido para quem trabalha nas empresas privadas. Entidades da cidade criticaram a medida e apontaram desrespeito.

Caminhada da Consciência Negra ocorrida no último dia 16 (Rosa Marina/Divulgação)

ORGULHO NEGRO

“Pela importância e significado da data, deveria ser feriado nacional”, é o que afirma também a assistente social Lourdes Toledo dos Santos, 60.

Desde 2009, Lourdes é uma das responsáveis pelo Movimento Orgulho Negro Mairiporã, criado em parceria com a amiga Rosa Marina Costa durante uma Conferência de igualdade racial na cidade de Guarulhos.

“Nossa luta é diária contra a violência, o preconceito e o racismo. Lutamos também pelo bem querer e pelo bem viver de nosso povo”, afirma.

Mesmo sem a existência de um feriado propriamente dito, as duas, aliadas a outros agentes culturais, organizam eventos anualmente no dia 20 de novembro e também em outras datas temáticas como 13 de maio (Abolição da escravatura) e 25 de julho (Homenagem a Mulher Negra Latino Americana e Caribenha).

Elas fazem palestras, oficinas, atividades culturais e artísticas. A programação deste mês iniciou com uma caminhada no dia 16 e as atividades seguem até o dia 26.

O movimento Orgulho Negro Mairiporã organiza eventos durante o ano em datas simbólicas @Mariana Lima/Divulgação

MEMÓRIAS DA ESCRAVIDÃO

A história negra em Mairiporã tem sido pesquisada pelo grupo. Um dos principais ponto são materiais sobre a região da Mata Fria, no limite entre Mairiporã e a cidade de São Paulo.

Neste local, encravado nos altos da Serra da Cantareira, viveram muitos escravos alforriados, que receberam a área para viver por meio de uma doação ainda em 1866.

O mais famoso deles, Amaro Bento Luiz, chegou a criar um quilombo na região e ainda hoje possui muitos descendentes.

“Mairiporã foi palco de pessoas escravizadas durante todo o período da escravidão. Muitas pessoas sequer tinham conhecimento de que eram descendentes quilombolas”, conta Lourdes, que tem feito pesquisas sobre o quilombo da Mata Fria.

“A cidade precisa e merece resgatar sua história”, diz Lourdes. “A consciência negra é a identificação da causa e luta dos nossos ancestrais por liberdade e igualdade, mas é também o resgate, valorização e preservação das raízes culturais, religiosas, tradições e costumes de nossos antepassados”, completa.

Cidades onde a Consciência Negra é feriado na Grande SP:
Barueri
Caieiras
Carapicuíba
Diadema
Embu das Artes
Ferraz de Vasconcelos
Francisco Morato
Franco da Rocha
Guarulhos*
Itapecerica da Serra
Itapevi
Jandira
Juquitiba
Mauá
Pirapora do Bom Jesus
Ribeirão Pires
Rio Grande da Serra
Santa Isabel
Santo André
São Bernardo do Campo
Salesópolis
São Caetano do Sul
Suzano
São Paulo
*Cidade adiantou a data para os servidores públicos

receba o melhor da mural no seu e-mail

Humberto do Lago Müller

Apaixonado por animais, desenho, fotografia, natureza. Praticante de turismo sem roteiros, conhecedor de escadões e mirantes. É logo ali! Correspondente de Mairiporã desde 2013.

Republique

A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.

Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.

Envie uma mensagem para republique@agenciamural.org.br

Reportar erro

Quer informar a nossa redação sobre algum erro nesta matéria? Preencha o formulário abaixo.

PUBLICIDADE