Depois da exoneração do prefeito regional Paulo Cahim, em novembro de 2017, as redes sociais da prefeitura regional da Casa Verde/Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da capital paulista, ficaram abandonadas. É o que conta o gerente comercial Alexandre Fabro, 44, que é morador do bairro do Limão.
Desde a reclamação de Fabro, em fevereiro deste ano, o 32xSP acompanhou o site da regional, que está fora do ar, e as redes sociais, atualizadas com mais frequência nos meses de maio e junho, depois de ficar com poucas postagens de janeiro a abril.
“O prefeito regional anterior era mais acessível nas redes sociais. Eu tinha o número dele, inclusive. Quando houve a sua saída, a página da regional no Facebook ficou largada sem nenhuma atualização. Quem assumiu não soube utilizar essa ferramenta importante para informar a região que atua”, destaca Fabro.
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Assessor de imprensa da prefeitura regional e responsável pelas redes sociais, Jânio Pires defende que os canais de atendimento prioritários são o 156, telefone da Prefeitura, e a praça de atendimento localizada na prefeitura regional Casa Verde/Cachoeirinha.
“O Facebook não é instrumento para reclamações; é o 156. O munícipe que vem até a prefeitura regional, ao gabinete ou outro departamento para buscar uma informação ou trazer uma demanda, será atendido no setor do departamento que ele veio procurar”, justifica Pires.
De acordo com o assessor, a praça de atendimento é “o local correto, ou no gabinete do prefeito”. Para isso, a população precisa agendar para falar com o administrador local ou com o chefe de gabinete, “que estão sempre de portas abertas para atender a comunidade”.
A posição da regional, no entanto, parece ir à contramão do que boa parte dos prefeitos locais, inspirados pelo ex-prefeito João Doria (PSDB), pensa sobre o uso das redes sociais, não apenas para divulgar ações da administração.
Em janeiro deste ano, o 32xSP publicou a reportagem “Prefeitos regionais usam WhatsApp para se aproximar de moradores”. Para os quatro gestores retratados, o uso das redes sociais tinha dois objetivos centrais: divulgar os trabalhos da prefeitura regional e se aproximar da população.
No cargo desde abril deste ano, o prefeito regional Mauro José Lourenço tem como chefe de gabinete Rodney Vicente de Souza, quem concedeu entrevista ao 32xSP. Ele garante que exista diálogo entre prefeitura regional e moradores.
“Já faz algum tempo que temos instrumentos oficiais de diálogo com a população, além daqueles que são mais propícios. A ideia de prefeito regional é justamente que o equipamento público se aproxime do povo, esteja com o povo”, explica Souza, que alega trabalhar de segunda a segunda até às 23h, participando de reuniões pela comunidade, em grupos organizados, igrejas e conselhos.
Ainda de acordo com o chefe de gabinete, o modelo de gestão está sendo cumprido.
“A gente aplica o modelo de gestão básico, procuramos otimizar e melhorar o resultado de cada departamento da prefeitura, diariamente. Além disso, eu atendo de imediato todas as demandas que me são atribuídas pelo prefeito regional, a fim de representá-lo”, defende o chefe de gabinete.
Roberto Frangella, 38, morador da Casa Verde, considera que a população não está abandona pela regional e que é atendida de acordo com o que precisa.
“Eu nunca tive problema com eles [a prefeitura regional]. Temos o nosso bloco de Carnaval, que começamos no ano passado. Agora no meio do ano, vamos fazer uma festa julina. Sempre temos suporte da prefeitura regional em relação à CET e à Polícia Militar”, elogia o representante comercial.
DEMANDAS
A percepção da secretária Márcia Simões, 40, também moradora da Casa Verde, porém, é divergente. Segunda ela, houve abandono na troca de gestão.
“Quando o Doria [ex-prefeito de São Paulo] demitiu o prefeito regional da Casa Verde porque ele [Paulo Cahim] reclamou que não tinha verba para dar continuidade aos serviços que tinha que fazer, os mais prejudicados fomos nós, os moradores”, reclama.
“As praças estão absolutamente horríveis, com mato alto, assim como as ruas, em alguns lugares onde é a prefeitura que faz a poda da grama. Nós ficamos meses sem nenhum serviço desse tipo”, reitera Márcia.
Moradores dos distritos de Casa Verde, Vila Nova Cachoeirinha e Limão, atendidos pela prefeitura regional, reclamam da falta de limpeza das vias, iluminação pública e preservação de praças de áreas verdes.
Ainda de acordo com Márcia, as demandas vão além dos entulhos. Ela diz que também são comuns acidentes causados pela ausência de sinalização.
É o caso de uma avenida movimentada da Casa Verde, no cruzamento da avenida Baruel com a rua Jorge Brand, em frente à padaria Baruel, próxima à praça Cruz da Esperança. A avenida, explica a moradora, não possui semáforo. Somente uma faixa de pedestres.
“Há quase um mês, um ônibus atropelou uma senhora de 80 anos. O tempo para atravessar é muito curto, os ônibus viram com muita velocidade e não é a primeira vez que acontece um acidente com morte nesse lugar”, relata.
“É um problema muito grave, eu já liguei na prefeitura e eles me prometeram que iriam instalar [uma sinalização], porém ficou só na promessa”, emenda Márcia.
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Para a turismóloga Flávia Sabe Ramos, 51, moradora de Vila Nova Cachoeirinha, o descaso em zeladoria não é maior por conta do trabalho diários dos munícipes, que não deixam o lixo acumular nas vias do bairro.
Para ela, a prefeitura regional só conserta os buracos onde os ônibus passam, sobrando para os moradores “jogarem massa de cimento para conseguir passar com os carros”.
“Bairro de periferia tem sempre os mesmos problemas: ruas esburacadas, iluminação precária, saúde sofrível, cemitério abandonado. Esse cemitério é um pesadelo, tem tanto mato que, quando fomos enterrar meu sogro, tivemos que pagar uma pessoa para tirar o mato para chegar até o túmulo”, conta Flávia.
Em respostas às demandas, a assessoria da prefeitura regional informa que os semáforos de pedestres devem ser solicitados diretamente com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), por meio do 156, e que dentro dos cemitérios a zeladoria interna fica por conta do Serviço Funerário.
ESCLARECIMENTO
Em contato com o 32xSP em 2º de julho, a Secretaria Municipal das Prefeituras Regionais informa, via nota, “que as redes sociais são uma forma de comunicação e uma ferramenta importante de divulgação e contato com a comunidade”.
A pasta destaca ainda que “cabe salientar, no entanto, que é imprescindível que a população registre, obrigatoriamente, através do 156 suas demandas. Atualmente, há três formas de atendimento: pelo telefone 156, pelo site www.sp156.prefeitura.sp.gov.br e também pelos aplicativos para celulares Android e iOS.”
E continua: “Sobre a matéria ‘Prefeitura Regional está abandonada até virtualmente’, a Pasta esclarece que está em andamento um trabalho de reformulação e padronização das informações nas páginas das Prefeituras Regionais e que em breve todas estarão funcionando mais intensamente. A administração regional segue aberta para receber todos os munícipes”.
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http://32xsp.org.br/2018/06/11/prefeita-do-jabaquara-pretende-tapar-buracos-em-questao-de-horas-em-2019/