Temendo o surto do novo coronavírus em São Paulo, baianos voltam para Barra do Choça
Por: Redação
Notícia
Publicado em 26.03.2020 | 18:45 | Alterado em 16.12.2020 | 18:49
Por causa da chegada do novo coronavírus, muitos moradores das periferias de São Paulo vivenciaram uma espécie de “de volta para minha terra”. Neste episódio, o “Em Quarentena” traz histórias de pessoas que deixaram a capital paulista durante a pandemia, rumo à sua terra natal.
Janete Gusmão, ao lado dos dois filhos, saiu da Penha, zona leste de São Paulo, e voltou para Barra do Choça, na Bahia. Ela explicou porque tomou essa decisão.
“Como as aulas pararam, então [ficar em São Paulo] pra mim não seria vantagem porque eu estaria sem trabalho e sem recurso financeiro”. (ouça a partir de 00:48)
O jovem baiano Wesley Viana, que desde o ano passado, morava em Paraisópolis e trabalha numa loja de manutenção de celular também retornou para Barra do Choça, sua cidade de origem.
Viana falou sobre os motivos que contribuíram para sua decisão. “Não tô correndo da doença, não foi isso. Foi mais para passar [a quarentena] com a família e como eu tenho minha rocinha, meu espaço lá, vou aproveitar para cuidar”. (a partir de 01:14)
Em férias forçadas, o jovem baiano compartilhou a sensação de incerteza do que está por vir em relação ao trabalho. “A partir de quarenta dias também ele [patrão] falou que já não vai pagar mais”. (ouça em 02:03)
Lucidalva Sousa, que é agente comunitária de saúde de Barra do Choça, falou para o podcast da Agência Mural como o município baiano está lidando com o retorno de seus conterrâneos.
“Com relação às pessoas que estão chegando de fora, realmente é uma grande preocupação pra gente. Porque muitas vezes estão vindo de áreas que já tem casos confirmados e elas não sabem se estão contaminados”. (em 02:20)
Janete falou sobre as medidas de segurança que tomou ao chegar em sua cidade. “Eu tô seguindo o procedimento correto. Fazendo a quarentena, sete dias em casa sem sair, para não causar tumulto na cidade. Porque quem está chegando de fora, cria um certo receio e eles têm razão. Tem que fazer as coisas corretas”. (em 02:41)
A agente comunitária Lucidalva detalhou as medidas de proteção que o município tem tomado para impedir a disseminação do vírus. “A vigilância sanitária está vindo até a casa, quando eles [moradores] não escutam a gente. A polícia também. […] Os bares que continuam abertos, a polícia está fazendo com que eles fechem realmente”. (em 03:10)
A doméstica Salete Fernandes, vive em Paraisópolis com a filha caçula. Mas ela contou para o “Em Quarentena” que gostaria de ter feito como Janete e Wesley.
“Se eu imaginasse e tivesse certeza que ficaria desse jeito que está agora, eu tinha ido antes, porque já vai para três semanas que estou em casa”. (em 03:39)
Salete expôs também o que tem observado na região em que vive. “Aqui o pessoal não tem consciência, é gente na rua o tempo todo. Você vai ali no mercado e está cheio de gente. O povo não está nem aí. É bar aberto, o povo bebendo e zoando. Fica difícil”. (em 03:39)
O episódio é finalizado com um recado de Janete para os governantes. “O governo de São Paulo tem que focar muito nas comunidades. O risco tá aí, aglomerações nas ruas, falta de água, falta de recurso financeiro para comprar o álcool e manter a higienização correta”. (em 04:49)
Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #03: De volta para a minha terra: moradores das periferias correm para o interior.
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