Adiada para novembro, a disputa de 2020 elegerá 39 prefeitos e vice-prefeitos. e 664 vereadores na Grande São Paulo
Por: Redação
Notícia
Publicado em 12.08.2020 | 21:10 | Alterado em 22.11.2021 | 16:00
A eleição deste ano vai definir os prefeitos e vereadores que assumirão entre 2021 e 2024. Só na Grande São Paulo, a disputa envolve os cargos de 39 prefeitos e vice-prefeitos, além de 664 vereadores. Como será que a pandemia da Covid-19 já vem afetando a disputa e o que pode vir de bom por aí?
Para entender como as periferias poderão ser impactadas nesse contexto, o “Em Quarentena” conversou com Paulo Talarico, editor-chefe da Agência Mural, que trabalha na cobertura das eleições desde 2012, e com Marcos Agostinho, cientista político da região de Carapicuíba, na Grande São Paulo.
Talarico iniciou a conversa enfatizando que a disputa eleitoral de 2020 é fundamental para as periferias porque ela trata de problemas locais. “É quando os serviços que estão relacionados aos nossos bairros e as nossas cidades são discutidos. Quando as propostas sobre o que não foi feito é debatido. Também para cobrarmos porque temos uma cidade tão desigual”. (ouça a partir de 01:15)
O editor da Agência Mural falou também sobre a atuação dos vereadores e o que o eleitor, sobretudo da periferia, deveria considerar na hora do voto. “Embora seja eleito para a cidade toda, muitos vereadores têm um ponto específico da cidade onde ganha mais votos. É o momento para os moradores observarem o quanto que esses vereadores, […] que têm uma camada regional importante, realmente atuaram nesse tempo todo e o quanto estiveram presentes na cidade”. (a partir de 02:14)
Tendo a pandemia e a quarentena como plano de fundo, ele compartilhou o que a rede da Mural tem acompanhado na pré-campanha eleitoral. “Tem sido bem mais tímido do que nos anos anteriores, quando a gente, nessa fase, tinha uma série de placas de agradecimento de político espalhadas pelos bairros”. (a partir de 03:14)
Paulo disse também que a Covid-19 é um fator importante, que serve como termômetro para os eleitores avaliarem o que os prefeitos e os vereadores de fato fizeram durante esse período de pandemia. E alertou, inclusive, sobre o fato de alguns políticos já estarem se apropriando de ações realizadas nesse período. (ouça em 04:05)
Como exemplo de políticos que já estão usando de forma explícita o coronavírus como propaganda política, o editor mencionou o que aconteceu em Santana de Parnaíba.
“O deputado Marmo Cezar teve Covid-19 e foi tratado no local. Ao sair [do hospital] teve uma salva de palmas, todas as ações foram gravadas em vídeos e mostradas nas redes sociais da prefeitura. O prefeito da cidade é filho desse deputado […] então muitas coisas se misturam durante esse atendimento”. (ouça em 04:57)
Já Marcos Agostinho apontou que aqueles que tiveram envolvimento comunitário em seus territórios durante esse período, pode encontrar mais chances na eleição.
“Na favela de Paraisópolis a estrutura que foi organizada com seus presidentes de rua, representantes, cursos de capacitação, de socorristas e outras medidas de saneamento e higienização, teve um melhor desempenho do que a cidade de São Paulo como um todo”. (em 05:43)
O cientista político também explicou porque acredita que essas movimentações dos últimos meses e o senso de coletividade nas periferias poderá fazer com que haja também maior participação das mulheres negras na política.
“Na política cotidiana e na periferia, onde estão os pretos, são as mulheres que dominam e controlam. […] Então são elas que estão ali à frente de todo o processo e nessa reinvenção da política não tem ilusão de que isso vai acontecer como um grande fenômeno. […] Mas eu imagino que haverá uma maior participação das mulheres negras na política porque também são seus filhos que são assassinados”. (em 06:49)
Ouça este bate papo completo no Em Quarentena #80: Como a pandemia deve afetar as eleições nas periferias.
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