Por: Redação
Publicado em 19.04.2017 | 16:29 | Alterado em 19.04.2017 | 16:29
O Parque Municipal Juliana de Carvalho Torres, situado no extremo da zona oeste da capital, é o quinto maior da região, com 52.822 m². Desde a sua criação, em 2012, ele está em condições precárias, sem equipe de limpeza e com falta de equipamentos básicos, como bebedouro e lixeiras, além de iluminação. Fatores estes que limitam o acesso dos moradores ao espaço.
No Plano de Metas da gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), a meta 86 apontava para a readequação e requalificação de 34 parques, entre eles o Juliana Carvalho Torres. Passados quatro meses do fim da administração petista, as obras do parque ainda não terminaram. Até o momento, a Prefeitura de São Paulo só concluiu a primeira fase, com 10.000 m². Ao todo, são três.
Felipe Valentim, 30, integrante do Espaço Cultural Cachoeiras, um grupo de cultura local, participou de todas as reuniões de Plano de Metas da gestão do atual prefeito João Doria (PSDB). “Implementar a segunda fase é importante, pois além de entregar para a população um espaço abrangente, com estrutura para atividades físicas e culturais, servirá como lazer para quem mora na parte de baixo da Cohab, a avenida Victor Civita”, explica.
Em entrevista ao 32xSP, Robson Profenzano, diretor do Depave (Departamento de Parques e Áreas Verdes), que pertence à Secretaria do Verde e Meio Ambiente, disse que na segunda fase do projeto consta a instalação de uma quadra esportiva, bebedouros, lixeiras, brinquedos e playground, além de grades e iluminação. “O valor calculado é de 700 mil reais. No momento, nós não temos esse dinheiro e nem previsão de quando teremos”, afirma Profenzano.
“Cadê a Cidade Linda do Doria? Aqui não tem! Com todo esse lixo ao redor do parque e também as empresas tomando o espaço, a situação é de calamidade”, reclama Diva Nunes, 65, moradora da Cohab Raposo Tavares.
A falta de grandes ao redor do parque e de um Ecoponto na região geram outros problema bastante evidentes: o desmanche de carros e o surgimento de pontos viciados de lixo, que já fazem parte do cotidiano de quem mora ali nas redondezas. Além disso, sob a vasta área verde, alguns comerciantes têm se apropriado da área. É o caso da empresa Cofarja, que deposita seus resíduos no local. Indagado sobre esta questão, Profenzano informou que não sabe como irá agir, já que o recolhimento de lixo também é responsabilidade da Prefeitura Regional do Butantã.
Questionada, a Cofarja informou por meio de nota que possui diversas caçambas em regime de comodato com os fornecedores e por este motivo será feito o levantamento do responsável pela mencionada na reportagem. A empresa ainda afirmou que fará a retirada da caçamba até o final desta semana.
O diretor do Depave informou que até o final de abril deve haver a contratação da equipe de manejo. O montante gasto até o momento com o parque é de R$ 36.165,36. Apenas na área de vigilância.
Procurada, a Prefeitura Regional do Butantã afirmou que a responsabilidade pelo parque é da Secretaria do Verde e Meio Ambiente.
Com cortes na verba para a equipe de manejo e conservação do parque, moradores têm se organizado para fazer a limpeza do espaço. Anualmente acontece a Festa do Saci, que tem como proposta promover a cultura popular brasileira de maneira reflexiva, criativa e divertida. Além dela, outras atividades culturais também são realizadas pelos frequentadores do parque. Todas elas a céu aberto, já que não contam com estrutura física.
Felipe Valentim é um dos responsáveis por criar uma agenda cultural para o Juliana de Carvalho. “A Secretaria de Cultura nunca trouxe sequer um movimento cultural aqui. Tudo o que fazemos vem do nosso próprio esforço”. A última atividade realizada no parque foi a apresentação do cortejo cênico Sampalhaças, que animou o público presente no dia 1º de abril.
No dia 1º de maio, a SVMA (Secretaria do Verde e Meio Ambiente) enviou uma nota ao 32xSP contrapondo as informações presentes na reportagem, que foi devidamente apurada e buscou ouvir todos os lados envolvidos na situação. Segue a nota na íntegra:
Na avaliação da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), da forma como foi publicada, a reportagem não expõe os motivos reais da atual situação do Parque Juliana de Carvalho Torres.
Sendo assim, esclarecemos que, nesta segunda fase de implantação do parque, o trabalho técnico já está bem avançado, inclusive com valor estimativo para a execução dessas intervenções. No entanto, a continuidade dos trabalhos depende, sim, de definições de âmbito orçamentário, provenientes de outras pastas e, portanto, alheias à competência da diretoria responsável (Depave-SVMA).
Quanto ao lixo e o entulho depositados no Parque, existe uma conjunção de esforços entre o DEPAVE e Prefeitura Regional do Butantã, junto com AMLURB, para que essa questão fique equacionada.
O DEPAVE é responsável pelo trabalho de limpeza da área interna do Parque pela vigilância da área do Parque. Porém ambos os serviços funcionam de forma ineficiente porque aguardam o término das licitações que permitirão novos contratos e a realização desses serviços extremamente necessários. O lixo, depois de ensacado e retirado da área interna, pela contratada do DEPAVE, é retirado pelas equipes da AMLURB. Já o entulho depositado, sua remoção e a fiscalização contra o descarte irregular é de competência da Prefeitura Regional do Butantã.
Em paralelo, vale ressaltar que a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente está aberta a tratativas para formalização de parcerias com a iniciativa privada, organizações sociais e outras, no intuito de promovermos ações de requalificação do Parque em questão, assim como temos feito comumente em outros Parques municipais. Essas ações não trazem ônus a Municipalidade e proporcionam um enorme resultado final junto à comunidade.
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