Ministério da Educação divulgou mudanças na estrutura do principal vestibular do país; edições de 2022 e 2023 continuarão no formato atual
Matheus Pigozzi/Agência Mural
Por: Cleberson Santos
Notícia
Publicado em 08.04.2022 | 16:46 | Alterado em 26.04.2022 | 11:06
O Ministério da Educação anunciou em 17 de março que fará mudanças no formato do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Os estudantes que prestarão a prova neste ano ou no próximo podem ficar despreocupados, pois a mudança está prevista apenas para a edição de 2024.
O “novo Enem” seguirá o modelo do novo ensino médio, que começou a ser praticado de forma obrigatória em 2022. A ideia é que os alunos que estão agora no primeiro ano do ensino médio sejam avaliados já com base no novo formato daqui dois anos.
No novo ensino médio, as disciplinas estão organizadas em blocos temáticos, que já estruturam a atual prova do Enem: linguagens e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias e ciências humanas e sociais aplicadas.
No atual formato do Enem, praticado desde 2009, esses quatro blocos são divididos em dois dias de provas, com um total de 180 questões (45 em cada bloco), além de uma redação.
O Enem continuará sendo aplicado em dois dias. Segundo o MEC (Ministério da Educação), no primeiro será uma prova única e obrigatória para todos os inscritos, com questões interdisciplinares que avaliarão raciocínio lógico e argumentação dos alunos. Ou seja, contará com perguntas discursivas, e não apenas de múltipla escolha.
As questões interdisciplinares terão como foco o português, matemática ou língua estrangeira, porém abordando temas de outras disciplinas. “Pode ter uma questão de história com o texto escrito em língua inglesa para o estudante avaliar”, exemplificou Mauro Rabelo, secretário de Educação Básica do MEC durante o anúncio.
Há a previsão do uso de uma inteligência artificial para a correção dessas questões, o que permitiria a divulgação das notas nos mesmos prazos que já são feitos. Neste dia também haverá a aplicação da redação, tal como é feito atualmente.
O segundo dia de prova será relacionado à área de atuação que o aluno deseja seguir no ensino superior, tal como o “caminho” que ele escolheu seguir durante o novo ensino médio. Serão quatro opções de prova:
As universidades públicas também poderão indicar qual prova será exigida para cada curso.
Um dos pontos que tem sido questionado sobre o novo formato é a situação dos estudantes que mudem de ideia do caminho a seguir durante o ensino médio, explica Paulo Ricardo Melo, professor de matemática e coordenador pedagógico da Rede Ubuntu de Educação Popular.
A rede é formada por cinco polos de cursinhos populares nas regiões do Jardim Ângela e Capão Redondo, na zona sul da capital, e Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.
Ele destaca a falta de opções de itinerários formativos nas escolas e que ter isso como base gera uma nova desvantagem e pressão nos alunos de escolas públicas.
“Um aluno faz o ensino médio todo focado em administração. Aí chega no fim do terceiro ano, ele decide que quer medicina, uma área biológica. O novo Enem fala para ele escolher a área, e ele escolhe biológica porque é o que ele vai querer prestar. Só que durante o ensino médio, ele escolheu uma área de humanas. A prova vai ser totalmente incompatível com o que ele teve na escola”, aponta o professor.
“A mensagem que você está me passando é que uma pessoa que acabou de sair do ensino fundamental [aos 15 anos] já tem que decidir qual a área de curso que ela quer. É estranho”
Paulo Ricardo Melo, professor
Ele também cita que faltam explicações detalhadas sobre a duração da prova, principalmente sobre o primeiro dia, que terá questões dissertativas.
“A segunda fase da Fuvest [vestibular da Universidade de São Paulo], no primeiro dia, você tem dez perguntas de português mais a redação, uma prova toda dissertativa. Ela tem praticamente o mesmo tempo de prova que a primeira fase, que são 90 perguntas de alternativas, objetivas.”
Outro detalhe é a presença de um “bônus” de nota para os alunos que fizeram curso técnico junto ao ensino médio. A justificativa do MEC é a impossibilidade de fazer uma prova para cada um dos cursos técnicos oferecidos em todo o país.
“Ele [aluno com ensino técnico] não estará dispensado [do Enem]. Ele vai fazer o bloco [de questões] de acordo com o curso superior que deseja e a instituição [de ensino superior] aponta. A nota vai ter uma ponderação de acordo com aderência da formação técnica dele ao curso superior pretendido”, diz Rabelo, do MEC.
O professor Paulo Ricardo, da Ubuntu, também questiona o porquê e como será aplicado esse bônus: “Vai ser em porcentagem ou em pontuação? Vai ser referente ao curso? Por que esse bônus? E o aluno que não vai fazer o técnico porque ele precisa trabalhar? Ele sai na desvantagem porque precisou ajudar os pais”.
Desde o dia 4 de abril estão abertas as inscrições para a solicitação da isenção da taxa de inscrição. O prazo vai até o dia 15. É preciso se encaixar em algum dos critérios abaixo para pedir a isenção da taxa – que em 2021 foi de R$ 85:
Correspondente do Capão Redondo desde 2019. Do jornalismo esportivo, apesar de não saber chutar uma bola. Ama playlists aleatórias e tenta ser nerd, apesar das visitas aos streamings e livros estarem cada vez mais raras.
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