Moradores e lideranças de Paraisópolis, a segunda maior favela de São Paulo, na zona sul da capital, têm usado o principal slogan do programa da gestão João Doria (PSDB) para pedir por uma “Paraisópolis Linda”. Eles cobram a retomada das obras de urbanização, que incluem a construção de moradias populares e o saneamento básico, interrompidas em meados de 2013.
Por: Redação
Publicado em 13.07.2017 | 14:54 | Alterado em 13.07.2017 | 14:54
Moradores e lideranças de Paraisópolis, a segunda maior favela de São Paulo, na zona sul da capital, têm usado o principal slogan do programa da gestão João Doria (PSDB) para pedir por uma “Paraisópolis Linda”. Eles cobram a retomada das obras de urbanização, que incluem a construção de moradias populares e o saneamento básico, interrompidas em meados de 2013.
Encravada no coração da Vila Andrade, um dos distritos mais ricos de SP, os números que circundam Paraisópolis são expressivos: 100 mil moradores, 25 mil famílias e 8 mil estabelecimentos comerciais. Indicadores que refletem problemas macro, extrapolando a necessidade de serviços de zeladoria, responsabilidade da Prefeitura Regional Campo Limpo.
Emerson Moura, presidente da União de Moradores de Paraisópolis, ressalta a importância da continuidade das ações do Programa de Urbanização para o crescimento e desenvolvimento da comunidade, que passou a receber o status de bairro. O pacote de urbanização inclui a regularização fundiária, canalização de córregos, construção da avenida perimetral, desocupação do leito dos córregos, remoção de moradias em áreas de risco, construção de espaços de lazer, de um parque linear, entre outros.
“Apenas em março deste ano, ocorreram dois incêndios graves em Paraisópolis, e não foi por falta de aviso. Não existe nenhuma moradia sendo construída ou melhoria da situação do Córrego do Antonico”, afirma Moura, popularmente conhecido como Barata.
As obras de urbanização atraíram os olhares de investimentos privados, como a abertura de uma filial da loja Casas Bahia, em novembro de 2008, e quatro agências bancárias ao longo dos últimos anos. Paraisópolis também espera a chegada do metrô. A Linha 17-Ouro, do monotrilho, terá uma estação no local, mas ela está com obras congeladas.
Barata afirma que, desde o início do mandato do prefeito Doria, a União de Moradores vem tentando se reunir com o gestor para discutir essas reivindicações, que vêm desde o governo Gilberto Kassab (PSD, eleito pelo DEM). “A situação ficou complicada, aconteceram os incêndios e teria sido uma oportunidade de ele vir. Até agora a gente não conseguiu fazer uma reunião. Na visita [de Doria] durante a corrida eleitoral, um dos compromissos, caso ele fosse eleito, era de que voltaria aqui”, revela Barata.
Segundo o gestor ambiental Evandro Garcia, os locais onde aconteceram os incêndios são os mais esquecidos da comunidade. “São o Grotão e o Grotinho, que já pegaram fogo várias vezes, mas as pessoas acabam voltando para lá e reconstruindo casas e barracos sem estrutura. E os incêndios voltam a acontecer”, diz o morador.
Nas redes sociais, os pedidos para “acelerar” Paraisópolis também engrossam o caldo das reivindicações. “Cadê o senhor prefeito em Paraisópolis para colocar em prática as suas 10 horas diárias de trabalho?”, cobrou o socioeducador Acácio Reis em uma postagem na página Nova Paraisópolis, que tem 139 compartilhamentos da imagem que pede por uma “Paraisópolis Linda”.
Joildo Santos, diretor da Agência Paraisópolis, espera que não haja uma relação conflituosa como avalia ter ocorrido na gestão Fernando Haddad (PT). “Desde o começo tentamos dialogar [com o ex-prefeito]. Assim como agora com o Doria, estimulamos várias agendas. Ele [o Haddad] paralisou as obras de urbanização, que já estavam desacelerando na época do Kassab e não houve construção de nenhuma moradia aqui em Paraisópolis”, afirma Santos.
“A gente sabe que no início de governo é mais difícil mesmo porque você está se inteirando sobre os assuntos”, pondera o ex-vice-presidente e atual tesoureiro da União de Moradores e Comércio, reforçando que a comunidade precisa saber quais são as propostas concretas do governo municipal. “Não precisa ser o plano do Doria, mas o da Prefeitura de São Paulo. O que será feito em Paraisópolis nos próximos anos?”.
Procurada, a Secom (Secretaria Executiva de Comunicação) da Prefeitura não informou se existe uma agenda com lideranças de Paraisópolis. Já a Prefeitura Regional Campo Limpo, da qual faz parte o distrito Vila Andrade, onde está localizado Paraisópolis, afirma que “não há previsão para a canalização do córrego do Antonico”.
Ainda segundo a regional, há duas semanas o prefeito local, Heitor Sertão, esteve no Fórum Multientidades de Paraisópolis (organização da qual fazem parte 25 organizações que se reúnem mensalmente para debater questões pertinentes à comunidade). “O Heitor está sempre aberto ao diálogo e recebe todos os munícipes e órgãos que o procuram aqui no gabinete”, informou.
“Está rolando um diálogo com Prefeitura Regional Campo Limpo”, afirma Barata, em relação ao programa de zeladoria do bairro. “Eles têm limpado as áreas que indicamos”. Ainda segundo o presidente da associação de moradores, também falta conscientização por parte da população local. “A prefeitura tem buscado limpar as áreas. A gente abre pedido, gera protocolo e eles vêm”, completa.
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