Equipamento tem sido útil na Vila Alabama, no extremo leste de São Paulo, marcada pelos alagamentos todo começo de ano
Léu Britto/Agência Mural
Por: Danielle Lobato
Notícia
Publicado em 02.03.2020 | 17:49 | Alterado em 22.11.2021 | 16:13
Equipamento tem sido útil na Vila Alabama, no extremo leste de São Paulo, marcada pelos alagamentos todo começo de ano; região é cortada por córrego
Tempo de leitura: 3 min(s)Todos os anos, os moradores da Vila Alabama, no Itaim Paulista, extremo leste de São Paulo, perdem móveis e ficam ilhados dentro de casa durante as chuvas. Para prevenir as perdas, uma sirene de alerta foi instalada por iniciativa da própria comunidade.
O equipamento fica no alto de uma das casas que beiram o córrego Itaim, na avenida Tarciso Mendes Lima. “Vi essa ideia sendo colocada em prática no Rio de Janeiro e como as autoridades não fazem nada, nós fizemos”, conta o microempresário Francisco Alves da Silva, 33.
A sirene de alerta possui três níveis de toques. O primeiro é o sinal verde para avisar que, por enquanto, está tudo normal. O amarelo é para ter atenção – significa a necessidade de levar os carros para áreas fora de riscos de alagamento, levantar móveis e pegar documentos. O vermelho aponta que o córrego já transbordou e a prioridade é salvar vidas: tirar os moradores enfermos, crianças e idosos da área de risco.
Para o morador mais antigo do bairro, Valdir Azevedo dos Santos, 64, o toque de alerta ajuda muito. “Essa água é muito suja, na hora da enchente é tudo muito rápido, alimentos, móveis, roupas e até documentos são levados em segundos”, diz Azevedo.
Quando toca o alarme, Valdir corre para pedir ajuda ao filho que trabalha próximo de casa. “É sempre assim quando chove forte, subo os móveis, pego o balde e tiro a água”, conta Valdir. “Essa enchente já me causou muitos danos psicológico, financeiro e na saúde também. Tive leptospirose”.
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ISENÇÃO NO IPTU
Depois das fortes chuvas que atingiram a cidade de São Paulo, nos primeiros meses do ano, o prefeito Bruno Covas lembrou aos cidadãos sobre o direito quanto ao ressarcimento do IPTU por conta de imóveis prejudicados com as enchentes.
“A população que se sentir prejudicada pode procurar uma subprefeitura amanhã e solicitar a isenção para o IPTU do ano que vem”, disse Covas, há três semanas. No entanto, a gestão descumpriu o compromisso.
Valdir, por exemplo, enfrenta problemas para conseguir o ressarcimento. Ele tem uma dívida de R$ 10 mil e mesmo com um histórico de perdas não conseguiu a isenção. “Fui até lá porque tinha que fazer a atualização do cadastro e descobri que tinha uma dívida. Tive que fazer acordo, mesmo com fotos e laudo de uma doença”.
Somente neste ano, já é a quarta enchente que atinge a região Vila Alabama. Os moradores acreditam que a piora se deve a uma obra no córrego Itaim, feita pelo DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), que reduziu o espaço de vazão da água.
Segundo moradores, um muro de contenção avançou mais de 1 metro dentro do rio, encurtando a galeria, o que aumentou a facilidade de transbordamento da água quando chove.
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No momento, há uma expectativa da comunidade sobre uma obra de muro de contenção que será realizada no córrego pela subprefeitura do Itaim Paulista. Segundo os moradores, a previsão dada a eles para o início da construção é para o mês de março.
Em contrapartida, em nota enviada à Agência Mural, a Subprefeitura do Itaim Paulista informou que não há previsão para o início das obras. No momento, a obra está na fase de elaboração de projeto de contenção de cheias no extremo leste.
Jornalista, sagitariana com ascendente em lanches. Mãe de pet, viajante e apaixonada pela vida. Correspondente de Itaim Paulista desde 2016.
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