Congresso de Jornalismo da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) debateu rumos da imprensa local
Por: Matheus Oliveira
Notícia
Publicado em 02.07.2019 | 17:57 | Alterado em 03.07.2019 | 10:21
Fora das grandes redações, o jornalismo local busca fortalecer a democracia. Esta foi uma das mensagens presentes no congresso realizado pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) entre 26 e 29 de junho.
Para compreender o jornalismo local o Projor mapeia os veículos de comunicação em todo Brasil. O trabalho consolidado resultou no Atlas da Notícia, e foi apresentado na mesa ‘Notícias do deserto: retratos da diversidade da mídia local no Brasil’, mediado pela Diretora de Operações da Projor, Angela Pimenta.
Coube às repórteres Ana Terra Athayde e Elvira Lobato produzir reportagens sobre a diversidade midiática encontrada no levantamento. Elas apontaram o quanto esses veículos são importantes para as comunidades locais.
“O jornal no interior é um micro empreendimento familiar. Eles têm consciência da parcialidade, mas é mais importante viver com uma cobertura precária do que fechar”, afirma Elvira Lobato. Em meio às dificuldades, a imprensa local se fortalece no produto que apenas ela pode produzir.
“A população se vê no jornal da região. Vem de uma relação de confiança, como ganhar a credibilidade do leitor. Aí vem as ideias de atender as demandas percebidas e estimular o orgulho local”, ressalta.
Trazer o pertencimento local também é desafiador para quem cobre as periferias de grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo.
Gabi Coelho, repórter e coordenadora da equipe de colunistas destro jornal comunitário Voz das Comunidades do Rio de Janeiro, e Pedro Borges, co-fundador do portal Alma Preta de São Paulo, debateram sobre as potencialidades das quebradas na mesa ‘Série Realidades: O jornalismo nas periferias’, mediada pela jornalista Nina Weingrill do site ÉNois (SP).
“A sacada de não se ver como concorrente [jornalistas periféricos], mas sim potenciais parceiros. A gente junto é muito mais forte, até do ponto de vista de leitor. O leitor do Periferia em Movimento é um potencial leitor do Alma Preta”, explica Pedro Borges. Eles também falaram sobre como buscar estratégias novas para se aproximar do leitor.
A maneira que o texto jornalístico é feito importa para quem o lê e pode estimular o sentimento de representação.
Na mesa ‘Jornalismo local (e social)’, mediado por Sabrina Passos Cimenti, gerente de Parceiros Estratégicos do Facebook, a editora-chefe do Jornal Correio da Bahia, Linda Bezerra, lembra da ideia que teve há alguns anos de fazer um jornal em ‘baianês’. “Tinha até glossário. Isso significa se aproximar com o leitor pela linguagem. Não podemos nos distanciar desse papel, porque antes de tudo eu sou uma leitora”.
“Precisamos entender como funciona aquela comunidade, pensar nessas peculiaridades. As pessoas amam suas cidades e seus modos. Precisamos apostar em nossos potenciais para permanecermos vivos”, complementou Maria Luiza Borges, Diretora de Conteúdos Digitais do Jornal do Commercio, de Pernambuco.
O 14º Congresso Internacional de Jornalismo investigativo homenageou a jornalista Miriam Leitão. Com 47 anos de profissão a repórter e comentarista destaca a postura da mídia frente aos ataques à democracia. “Obviamente o que a gente faz é importante, por isso somos atacados. Ao mesmo tempo a gente vê que o jornalismo está mostrando ao que veio”, afirmou.
“O jornalismo é múltiplo, é inquietante, exige muito de nós, tem cada vez mais portas para se abrir, se executar, se fazer jornalismo”.
Jornalista, educomunicador e correspondente de São Mateus desde 2017. Amante de histórias e de gente. Olhar sempre voltado para o horizonte, afinal, o sol nasce à leste.
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.
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