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‘A escola é nossa’, filme retrata os momentos iniciais da primeira escola ocupada na capital paulista

Othilia Balades, ex-aluna do E.E. Fernão Dias Paes e documentarista conta que o filme é para reanimar os debates no Brasil

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Divulgação

Por: Estela Aguiar

Notícia

Publicado em 06.11.2020 | 14:37 | Alterado em 06.11.2020 | 14:37

Tempo de leitura: 4 min(s)

“A escola é nossa” virou frase de ordem em 2015, quando diversas escolas do estado de São Paulo eram ocupadas por estudantes secundaristas. O objetivo era reverter a decisão do então governador, Geraldo Alckmin (PSDB), de implementar a reorganização escolar. Após mais de 50 dias de ocupação, a decisão foi suspensa. 

Cinco anos depois, o discurso se tornou título de um mini documentário dirigido pela Ohtilia Balades, 23, que estreia na terça-feira (10), às 20h, na página do documentário no Facebook e no Youtube

“Não era uma pessoa que chegou na ocupação e queria fazer um filme sobre os estudantes. Eu era uma estudante do Fernão, que estava com a câmera na mão e registrando tudo que estava acontecendo”, destacou Balades. 

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Ex-aluna do Fernão Dias, Othilia Balades esteve na ocupação @Divulgação

A obra cinematográfica produzida durante a ocupação  da Escola Estadual Fernão Dias Paes, localizada na região de Pinheiros, mostra os primeiros momentos daquele ato. Foi a primeira escola ocupada da capital e se tornou uma das principais referências para o movimento.

“O primeiro dia foi de muita euforia, aquilo que estava acontecendo era muito fora da caixinha, algo que  nunca tinha acontecido. O filme é muito imersivo”, relembra a diretora do curta-metragem. 

De acordo com João Pedro Constantino, 24, ex-estudante do Fernão Dias, registros como esse faz com que a pasta da educação não caia no esquecimento. “Documentários são importantíssimos para que a luta nunca seja esquecida, que os alunos e pais no futuro saibam da importância que é lutar pela educação, base fundamental para qualquer sociedade.”

Para Victor Reis, 22, morador do Jardim João XXIII, periferia da zona oeste de São Paulo e ex-estudante secundarista do Fernão Dias, ter o registro do documentário pode mudar opiniões. 

“Acho que vai ser um tanto que nostálgico. De certa forma, pode mudar as concepções, porque teve pessoas que acharam que foi bagunça por ser tratar de jovens fazendo isso (a ocupação). Eu acho legal ter esse documentário porque além de estar registrado na história, como acontecimento, ficou registrado em vídeo e as pessoas podem estudar.” 

AULAS SUSPENSAS 

Em maio deste ano, quase um mês depois do plano de aulas em casa anunciado pelo governo do estado devido a pandemia do novo coronavírus, as famílias já enfrentavam dificuldades para acessar as aulas online. Uma das principais reclamações foi  à falta de uma internet de qualidade, seguindo da falta de orientação de como auxiliar os filhos nas tarefas. Já os professores enfrentavam a evasão escolar dos alunos, sobrecarga de trabalho e falta de equipamento para gravar as aulas. 

“Não adianta criar um programa a distância se as pessoas não tem equipamento pra acessar, ou espaço em casa. Faltou uma rede de apoio para essas pessoas”, relembrou Yasmin Barranqueiro, 21, ex-estudante do Fernão Dias, e social mídia do documentário. 

“Acho que mais uma vez os alunos da rede pública foram colocados de lado, esquecidos. Mais uma vez o Estado afirmou sobre quem eles estão falando quando falam de futuro”. 

Após sete meses da suspensão das aulas presenciais no estado de São Paulo, o governador João Doria (PSBD), anunciou em outubro que as aulas do ensino médio poderiam voltar no Estado, porém cada município teria autonomia para definir uma data. Na cidade de São Paulo, o  prefeito Bruno Covas (PSDB), definiu que as aulas voltassem em 3 de novembro de forma voluntária. 

“É um filme para reanimar os debates, porque é tanta coisa acontecendo no Brasil”, garante Othilia. 

ELEIÇÕES NA PORTA

A última pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (5), apontou o atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), com 28% das intenções de voto, seguido de Celso Russomano (Republicanos), com 16%. Na sequencia, Guilherme Boulos (PSOL), com 14%, Márcio França (PSB), com 13% e Jilmar Tatto (PT), com 6%. Entre os candidatos, as propostas para a pasta de educação incluem abrir escolas aos fins de semana e realização de aulas de reforço.

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Em São Paulo, eleições municipais acontecem na próxima semana

De acordo com a documentarista, um conselho que fica para quem irá votar pela primeira vez este ano é algo que vem da ocupação. “Política se faz nas ruas. Esse é o maior aprendizado que eu tive quando ocupei minha escola.” 

Para Isabella Felix, 22, social mídia do documentário e secretária em tempo integral, a união da sociedade é que pode mudar o futuro da educação em São Paulo. “Eu boto fé que só a luta muda vida! independente do quão progressista o candidato se diz, só a gente unido como povo pode construir e ir atrás de melhoras tanto na educação quanto em qualquer âmbito.” 

OCUPAÇÕES NAS ESCOLAS PAULISTAS: RELEMBRE

Em setembro de 2015, a secretaria de educação do estado de São Paulo anunciou a reorganização escolar do ensino paulista para o ano seguinte. A ideia era separar os ciclos de ensino (Fundamental I, II e Ensino Médio) em uma escola que oferecesse mais de um, assim cada instituição iria oferecer somente um único ciclo. 

A proposta gerou as primeiras polêmicas, pois iria acarretar no fechamento de 93 escolas, e na transferência de vários alunos para outras unidades de ensino. 

Como forma de  reivindicar a suspensão da reorganização escolar, os alunos começaram ocupar as escolas. A primeira ocupação ocorreu no dia 09 de novembro de 2015, na Escola Estadual de Diadema, no ABC Paulista. No dia seguinte, os alunos ocuparam a E.E. Fernão Dias Paes em Pinheiros, a primeira escola ocupada na capital. De acordo com a secretaria, foram 200 escolas ocupadas no estado.

Após a pressão feita pelo os estudantes, no dia 4 de dezembro de 2015, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) suspendeu a reorganização. 

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Estela Aguiar

Jornalista. É fiel à crença de que da ponte pra cá, o jornalismo é revolucionário. Apaixonada por carnaval, filmes e séries. Correspondente do Jardim João XXIII desde 2019

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