Divergência entre informações do estado e das gestões municipais tem ocorrido desde o começo da pandemia e dificulta o acompanhamento de dados nas cidades.
Léu Britto/Agência Mural
Por: Paulo Talarico | Lucas Veloso | Laiza Lopes
Notícia
Publicado em 15.07.2020 | 18:13 | Alterado em 27.02.2024 | 16:22
Gestão diz que situação é por causa de atraso em envio de informações; na contramão, Mauá registra 1,4 mil casos a menos de contaminados pelo novo coronavírus
Tempo de leitura: 3 min(s)Uma das dificuldades durante a pandemia de Covid-19 tem sido conseguir os dados precisos sobre a evolução da enfermidade em cada cidade. Diariamente, o governo do estado tem informado os dados de cada município, mas desde o início da pandemia há divergências.
Nesta quarta-feira (14), por exemplo, segundo o Panorama da Covid-19 na Grande São Paulo, levantamento da Agência Mural, o número de casos chegou a 263 mil pacientes que contraíram o novo coronavírus nas 39 cidades da Grande São Paulo. Na conta da gestão estadual, no entanto, são 237 mil, uma diferença de 27 mil casos.
A situação tem sido vista desde o começo da pandemia e minimizada ao longo do período pelas gestões.
Na semana passada, a diferença no número de casos era de 40 mil. Enquanto prefeituras declaravam 207 mil pacientes, os municípios apontavam para 248 mil.
CASOS DE COVID-19 SEGUNDO GESTÕES ESTADUAL E MUNICIPAL
Procurada, a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde retornou por telefone. A pasta afirma que os dados de pacientes e óbitos são compilados de acordo com o lugar de residência das pessoas.
Diz que a diferença pode se dar porque cada prefeitura pode levar em conta quesitos específicos para entender se os casos foram confirmados e se foram finalizados.
Há controvérsia também no número de óbitos confirmados pela Covid-19 – são 13.345 vítimas nas contas da gestão estadual e 13.586 nas gestões municipais.
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As diferenças têm peso pois a maioria dos dados relacionados a reabertura dos comércios têm levado em conta os dados compilados pelo governo do estado. Na Grande São Paulo, a maioria das regiões está na fase amarela, a qual permite a reabertura de bares e restaurantes.
O caso de maior diferença registrado é o da capital. São 20 mil casos a mais registrados pela prefeitura (179 mil) do que o divulgado pelo estado (158 mil) nesta terça-feira (14). Desde abril, casos do tipo vem sendo relatados pela imprensa.
Ao analisar as 39 cidades, 28 delas têm mais casos registrados de Covid-19. Outras 11, contudo, apontam menos casos do que o governo estadual.
CIDADES QUE REGISTRAM MENOS CASOS DE COVID-19 DO QUE O GOVERNO DO ESTADO
Entre os casos mais gritantes está o de Mauá, na região do ABC paulista. Por ali, enquanto a prefeitura diz que eram 1.350 pessoas contaminadas pelo novo coronavírus, o governo do estado havia contabilizado mais do que o dobro: 2.826. A mesma diferença é vista no número de mortes: 14 óbitos a menos no balanço da prefeitura.
Em junho, a reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Mauá sobre as diferenças. Na época, a gestão afirmou que havia um delay entre os dados da prefeitura e o governo do estado “tendo em vista a quantidade de laboratórios credenciados, a demora de resposta do Instituto Adolfo Lutz e dos moradores catalogados no município que vão realizar testes na rede privada”.
Também alegou que era ‘comum’ moradores de Mauá procurarem a rede privada de saúde fora do município. “Por isso tal diferença se justifica”, disse.
Taboão da Serra também teve uma diferença considerável. Enquanto a prefeitura diz haver 1.410, o governo do estado afirma que são 2.891. No entanto, curiosamente, a prefeitura registra 10 mortes a mais do que o governo do estado.
Diretor de Treinamento e Dados e cofundador, faz parte da Agência Mural desde 2011. É também formado em História pela USP, tem pós-graduação em jornalismo esportivo e curso técnico em locução para rádio e TV.
Jornalista, especializada em direitos humanos. É gateira, tem um relacionamento sério com a comida e ama conhecer novos lugares. Correspondente de Mauá desde 2015.
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