Secom
Por: Tatiane Araújo
Notícia
Publicado em 15.02.2022 | 20:00 | Alterado em 17.02.2022 | 12:24
Sem agenda, meses de espera para receber atendimento, lotação e falta de informação são alguns dos problemas enfrentados por moradores que recorrem ao serviço público de saúde em Barueri, na Grande São Paulo. Nove das 19 UBS (Unidades Básicas de Saúde) do município estão fechadas para reformas há pelo menos seis meses.
As UBS são responsáveis por fornecer atendimento clínico e odontológico na cidade. Além disso, durante a pandemia, estão encarregadas de administrar as doses da vacina contra a Covid-19 na população e realizam testes com agendamento.
A fotógrafa Nicolli Emelin da Costa Lima, 27, moradora do Parque dos Camargos, conta que em novembro do ano passado conseguiu marcar uma consulta com o dentista após seis meses de tentativas pelo aplicativo Saúde-Barueri. O atendimento foi marcado para 24 de janeiro na UBS Doutor Adauto Ribeiro, próximo da residência dela.
No entanto, essa UBS é uma das unidades que está em reforma desde agosto de 2021 e tem a previsão de entrega em fevereiro de 2022. Por conta disso, o atendimento da Nicolli foi direcionado para a UBS Benedicta Carlota no Jardim Silveira, mais distante de onde ela mora.
Para chegar até a unidade, a fotógrafa precisou pegar transporte público e, ao comparecer ao local, foi informada que o atendimento seria realizado em uma escola no Jardim Paulista, outro bairro da cidade. Ela precisou percorrer mais 2,9 km de distância, o que daria 38 minutos a pé.
“Saí de casa apenas com o dinheiro da passagem até o Jardim Silveira, para ir ao Jardim Paulista eu ia precisar pegar outro ônibus”, diz Nicolli.
A informação errada sobre o local de atendimento causou transtorno a Nicolli, que não conseguiu chegar até o endereço e perdeu a consulta. Agora, ela vai precisar aguardar a abertura da agenda novamente.
A paciente também conta que a unidade Benedicta Carlota estava lotada e os funcionários estavam muito desorganizados. Ela relata que chegou a receber uma senha e, só após algum tempo de espera, foi informada que o atendimento não seria realizado ali, pois eles não tinham salas para dentista.
Outra moradora do município passou por uma situação parecida. Déia Fagundes, 42, desempregada, conta que utiliza a UBS Doutor Adauto Ribeiro há mais de 11 anos e a reforma inesperada prejudicou o acesso ao atendimento médico.
Para conseguir agendar consultas e exames, ela precisou ir andando até a unidade realocada no Jardim Silveira, pois este serviço não pode ser feito por telefone.
“Para agendar exames ou consultas tem que ser pessoalmente, então eu tive o transtorno de ir até a unidade a pé e ao chegar lá não havia previsão de agendamento, me colocaram em uma fila de espera”, afirma Déia. Esse percurso a pé dá aproximadamente 30 minutos de caminhada.
Em grupos de bairros no Facebook é comum encontrar outros moradores insatisfeitos com as reformas simultâneas e a falta de informação no app Saúde-Barueri.
“Quem tiver consulta marcada na UBS [Armando Gonçalves de Freitas] do Parque Imperial e não foi avisado, assim como minha tia, a unidade está fechada e há previsão de começar os atendimentos no ginásio do bairro nas próximas semanas”, postou uma moradora em janeiro.
A obra na unidade começou em agosto de 2021 e tem previsão de conclusão em 365 dias.
O post na rede recebeu alguns comentários de outros moradores que afirmam perdas de consultas agendadas por não serem informados do fechamento das unidades. Outro comentário dizia: “Não adianta um prédio bonito, se falta profissionais qualificados nas unidades”.
Além das duas unidades citadas na reportagem, também estão em reformas as UBS:
Atualmente, a cidade conta com 19 Unidades Básicas de Saúde e em novembro de 2021 iniciou a obra de construção de uma nova unidade no Bairro dos Altos.
Segundo a prefeitura, as reformas simultâneas fazem parte do plano de melhorias da rede de saúde e foram motivadas porque algumas unidades eram bastantes antigas e visam melhorar o atendimento à população.
O órgão afirma que não há superlotação nem desvalorização do atendimento, pois faz todo o possível para minimizar transtornos. De acordo com a prefeitura, os usuários das unidades em reformas têm recebido assistência, já que os atendimentos foram realocados.
Jornalista apaixonada por contar e ouvir histórias, ama a rua, gatos, música e produções audiovisuais. Correspondente de Barueri desde 2021.
A Agência Mural de Jornalismo das Periferias, uma organização sem fins lucrativos, tem como missão reduzir as lacunas de informação sobre as periferias da Grande São Paulo. Portanto queremos que nossas reportagens alcancem outras e novas audiências.
Se você quer saber como republicar nosso conteúdo, seja ele texto, foto, arte, vídeo, áudio, no seu meio, escreva pra gente.
Envie uma mensagem para republique@agenciamural.org.br