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Agência de Jornalismo das periferias
Educação nas Periferias

Com capoeira, projeto estimula senso crítico e leva alunos a títulos no Ceará

Professor de educação física cria iniciativa para transformar realidades de estudantes periféricos

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Arquivo pessoal

Por: Redação

Notícia

Publicado em 27.05.2022 | 14:56 | Alterado em 06.06.2022 | 18:54

Tempo de leitura: 3 min(s)
Esta reportagem foi produzida com o apoio do Instituto Unibanco IU

Há 20 anos, o professor de educação física Andreyson Calixto de Brito, 41, mais conhecido como Berimbau, uniu a educação ao esporte e iniciou o projeto Capoeira e Educação, para dar aulas gratuitas de capoeira em escolas das periferias cearenses. O programa que atualmente acontece nos bairros de Rodolfo Teófilo e João XXIII, em Fortaleza, e no IFCE (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará), do Canindé, já levou alunos aos pódios de torneios do Nordeste.

“Minha motivação para iniciar o trabalho social, além de difundir a capoeira como um legado cultural afro-brasileiro, foi também através dela modificar e conduzir melhor a vida dos adolescentes que participavam das atividades”, conta o professor.

Neste ano, um grupo de alunos do projeto participou do IX Jogos do Nordeste de Capoeira, em Aracaju, entre os dias 13 e 15 de maio. A competição, promovida pela Abadá (Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da Arte-Capoeira), é um evento aberto a todos os capoeiristas da região. Cada edição acontece em um estado diferente.

O professor Berimbau conta que apesar de ter levado uma equipe pequena, com cinco participantes, por conta das condições financeiras, o projeto trouxe alguns prêmios. Como foi o caso da aluna Wendy Kauanne, a Jandaia, 18, que foi vice-campeã na categoria E (laranja e azul), e ganhou ainda os prêmios de melhor corda laranja e melhor jogo de benguela.

“Pretendo continuar na capoeira até quando a vida permitir. Ganhar competições e dar orgulho para meu professor/mestre e meus amigos. Meu sonho é dar uma condição de vida melhor para minha família”, diz Wendy.

Além da capoeirista, outros três integrantes da equipe e o professor foram premiados. Berimbau levou os prêmios de melhor corda marrom e vermelha, melhor jogo de siriuna e o terceiro lugar na categoria A (marrom e marrom/vermelha). Para o professor, participar das competições é importante, mas não é o principal foco do Capoeira e Educação.

“O maior propósito do projeto é modificar a vida de muitos desses adolescentes, dessas crianças e adultos. Trabalhar o conceito de cidadania, de despertar o senso crítico e discutir temas importantes da sociedade”, diz Berimbau.

“É sobre formação. Às vezes fico mais feliz quando vejo um deles entrar em uma faculdade, conseguir um emprego, que ganhar uma competição”

O mestre cresceu em bairros das periferias da capital cearense, onde sempre se envolveu em projetos sociais voltados ao esporte. Foi em um deles que conheceu a capoeira e resolveu se especializar e a dedicar a sua vida.

Para o professor, a capoeira não pode se desassociar da educação e faz dela um fio condutor para discussões importantes. “É onde a gente trata de diversos temas possíveis dentro das comunidades, inclusive discutindo a realidade. Ela possibilita a busca por seus direitos, pelos seus sonhos, além de fazermos a valorização da cultura negra”.

Alunos do Capoeira e Educação em atividade @Arquivo pessoal

O aluno Leonardo Denipoti, 24, conta que está no projeto há mais de quatro anos, quando começou nas atividades de extensão do IFCE. “Estava à procura de uma atividade física e fui me experimentar na capoeira. Aí me apaixonei e tenho praticado desde 2018”, relembra.

O jovem ressalta a importância da modalidade nos espaços periféricos: “Acho muito massa a proposta das aulas de capoeira principalmente sendo na comunidade que é um espaço negligenciado pelas instituições”.

Para a estudante Wendy, a capoeira mudou principalmente seu conhecimento sobre a cultura do nosso país e que poucos conhecem.

Sobre o professor Berimbau, a capoeirista elogia: “Ele é mais do que um professor para mim. Ele é meu pai da capoeira e da vida. O admiro muito, por conseguir ser pai, amigo, irmão, filho, esposo, coordenador, aluno e que mesmo nas dificuldades da pandemia, ele não desistiu do projeto Capoeira e Educação”.

Atualmente, os encontros do projeto acontecem no IFCE, às terças e quintas, às 16h; no bairro Rodolfo Teófilo, ocorrem às segundas e quartas, às 19h, no colégio Antônio Sales; e na praça Governador César Cals são no bairro João XXIII, às terças e quintas, a partir das 20h, com uma roda mensal na última sexta-feira do mês, às 19h. Para mais informações acesse a página no Instagram: @capoeira_e_educacao

Por Karizia Marques, de Parangaba, Fortaleza

Essa reportagem foi produzida por um dos estudantes universitários do Ceará participantes do “Acontece nas Escolas”, programa de bolsas de jornalismo da Agência Mural em parceria com o Instituto Unibanco. A iniciativa faz parte do Clube Mural, nossa área de treinamento e laboratório de prática e experimentos em jornalismo local e das periferias.

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