Serviço de tratamento de saúde mental conta com 92 unidades espalhadas pela capital paulista; zona sudeste é a região com maior número
Por: Redação
Publicado em 05.04.2019 | 14:15 | Alterado em 05.04.2019 | 14:15
Definir, oficialmente, o que significa saúde mental é praticamente impossível, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Basicamente, o termo parte de critérios subjetivos em que, ainda segundo a agência especializada, alguns itens são levados em consideração.
São eles: a capacidade do indivíduo em ter atitudes positivas sobre si próprio, desenvolvimento, integração emocional, autonomia, percepção da realidade e competência social. Também pode-se dizer que está atrelada a esforços para atingir um bem estar psicológico.
Quando existe uma ausência desses fatores, é considerado que há presença de algum tipo de transtorno mental ou de humor.
No estudo mais recente sobre o tema, realizado pela OMS em 2012, foi constatado que São Paulo é a capital que tem maior ocorrência de pessoas com problemas mentais em todo mundo. Ao todo, 30% da população disse sofrer com algum tipo de descompensação psíquica.
DOS MANICÔMIOS AOS CAPS
No Brasil, a partir dos anos 1980, foi instaurado o processo de Reforma Psiquiátrica. A reforma tinha como objetivo mudar o contexto da época, em que os tratamentos psiquiátricos eram realizados em manicômios a partir da exclusão do indivíduo na sociedade.
Unindo isso à criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, novas formas de lidar com esse tipo de sofrimento foram apresentadas.
Uma das principais implementações foi a inauguração do primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), por meio de movimentos sociais que denunciavam a situação precária de manicômios. Na época, esse era o único caminho para portadores de transtornos mentais.
No entanto, somente em 2016, esses hospitais psiquiátricos foram extintos totalmente na cidade de São Paulo.
A gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT) encerrou contrato com os últimos dois manicômios que tinham convênio com o município — um em Pirituba, na zona norte, e outro em Sorocaba, no interior de São Paulo.
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Desde seu surgimento, os CAPS lutam contra essa configuração de tratamento psíquico e se tratam de órgãos públicos que oferecem atendimento médico e psicológico para pessoas que possuem transtornos ou problemas de saúde mental.
Eles trabalham com uma política de integração social e familiar a partir do contexto em que cada usuário está inserido.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o objetivo dos CAPS é “oferecer atendimento à população, realizando o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários”.
Dentro dessa configuração, as unidades dão suporte na área de atenção básica de saúde, junto a outros programas, para gerenciar projetos terapêuticos dentro de cada território e demanda presente na região de São Paulo.
CONFIRA
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A lei de nº 3.088, instituída em 2011 pelo Ministério da Saúde, garante uma Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) para mediar todos os serviços de saúde mental dentro do âmbito do SUS.
Além do CAPS, a rede também trabalha com uma política de acolhimento e estratégias de reabilitação, tanto para usuários, quanto para seus familiares.
DIFERENTES MODALIDADES PARA DIFERENTES PÚBLICOS
Em 2018, todas as unidades da região de São Paulo receberam a entrada de aproximadamente 325 mil novos usuários. Dentro dessa quantidade, cada pessoa faz o acompanhamento psicológico de acordo com sua faixa etária e necessidade.
Existem três modalidades de acordo com o perfil dos usuários: CAPS Adulto, CAPS Infantojuvenil (que atende crianças e adolescentes de 0 a 18 anos) e CAPS Álcool e Drogas (AD).
Ao todo, são 92 unidades espalhadas pela cidade de São Paulo que funcionam de forma aberta para a população. Não é preciso, necessariamente, ter um encaminhamento médico para conseguir atendimento no local.
61 deles são de nível II, ou seja, funcionam em horário comercial. Se um usuário precisar de cuidado contínuo e assistido, ele pode ser encaminhado para o CAPS III, que funciona 24 horas por dia, aos finais de semana e feriados.
O local também oferece acolhimento noturno, em que o usuário pode ficar no centro por até 14 dias, sem interrupções.
ONDE ENCONTRAR UM CAPS
Os CAPS estão espalhados por toda a capital. Regionalmente, a zona sudeste é onde se concentra o maior número de unidades da rede. São 22 Centros de Atenção Psicossocial, sendo oito para tratamento de álcool e drogas, oito infantojuvenis e seis para adultos.
Em seguida, vem as zonas sul e leste, com 21 e 20 unidades, respectivamente. A zona sul também aparece como a região com maior número de CAPS nível III — do total, 12 unidades oferecem acolhimento de tempo integral, com 94 leitos disponíveis no atendimento para adulto, infantojuvenil e álcool e drogas.
Enquanto na zona norte constam 15 unidades, e na oeste 10, o centro de São Paulo é a região com menor quantidade de CAPS. São quatro no total, porém todas funcionam 24h por dia.
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