Roda de conversa com jogadoras abordou desempenho físico, dificuldade de treino e a garra para estar no futebol feminino
Por: Laura Dourado
Publieditorial
Publicado em 30.06.2019 | 8:00 | Alterado em 30.06.2019 | 0:12
Roda de conversa com jogadoras abordou desempenho físico, dificuldade de treino e a garra para estar no futebol feminino
Tempo de leitura: 3 min(s)A união entre literatura e futebol foi a marca da terceira noite do Festival LiteraCampo, realizado no Sesc Campo Limpo, na zona sul de São Paulo. A ação abordou as histórias inspiradoras de jogadoras de futebol que superaram dificuldades para colocar seu talento em campo.
A roda de conversa teve a participação da editora-adjunta da Agência Mural, Priscila Pacheco, a apresentadora do TVila Sports, Dani Ramos, as jogadoras do FuteMinas e a técnica do Palmeirinha de Paraisópolis, Mônica Melo, que esteve ao lado das atletas da equipe.
A conversa tratou das principais dificuldades de liderar um time de futebol feminino.
Mônica, que conseguiu levar o Palmeirinha até a final da Taça das Favelas e da Copa da Paz, explicou que além da menor visibilidade, os horários e disponibilidade para os treinos das jogadoras eram complicados.
“A gente marca os treinos e muitas meninas vêm direto do trabalho, ou saem do trabalho, fazem a janta em casa e vem jogar”, explica.
Além disso, existe a falta de atenção como um todo para a categoria feminina. “A gente já percebe na hora de televisionar. Os jogos femininos são na quarta e sábado à tarde e o masculino é de domingo, quando todo mundo está em casa”, complementou Dani Ramos.
Priscila Pacheco falou sobre as motivações para produzir a reportagem em quadrinhos ‘Minas da Várzea’. A jornalista afirmou que jogou futebol apenas na escola, mas que viu na falta de atenção às meninas que jogam nas periferias de São Paulo, uma história importante para ser contada.
“O futebol de várzea não sai tanto na mídia, mas o masculino ainda tem mais aparição do que o feminino. Foi muito interessante escutar as histórias das meninas porque ainda é muito esquecido. Não tem público, não tem patrocínio”, explicou.
Quase no final do bate-papo, uma das jogadoras do FuteMinas perguntou para as meninas do Palmeirinha qual foi a sensação de estar na final da Taça das Favelas, jogando no Pacaembu, um dos estádios mais tradicionais do Brasil.
Tímidas para falar no microfone, quem ficou com a missão de explicar foi Camila Silva, a capitã do time. Para ela, estar no Pacaembu foi inexplicável, mas ver outras meninas tendo a chance de pisar no gramado foi o mais gratificante.
Camila falou da trajetória no futebol até chegar ao Palmeirinha Paraisópolis e avaliou as perspectivas no futebol. “Para nós [mais velhas] não é impossível chegar no profissional, não em uma seleção como a Formiga, mas dá para ganhar um dinheirinho, pouquinho, mas dá”.
Contudo, ela fez questão de deixar um recado para as jogadoras mais novas, lembrando do discurso que a atacante Marta fez no jogo contra a França na Copa do Mundo Feminina. “Não adianta nada a gente cobrar investimento e ficar bebendo, não dormindo, não se alimentando direito, isso é uma coisa que tem em todos os lugares, então só depende de vocês, das mais novas, pro futebol feminino evoluir”, falou.
Encerrada a roda de conversa, as meninas foram para a quadra para terminar o evento com um jogo amistoso entre FuteMinas x Palmeirinha Paraisópolis. Elas jogaram por 30 minutos e ainda reuniram uma plateia de meninos que estavam pelo Sesc.
Apesar de impressionados com o jogo, um deles comentou “elas têm que devolver a quadra até as 20h, aí a gente entra e não tem hora pra sair”. Ainda têm um longo caminho até serem aceitas igualmente por todos os lados do futebol.
O Festival LiteraCampo será realizado até este domingo (30) no Sesc Campo Limpo.
Confira a programação completa no portal do Sesc.
Jornalista, correspondente da Cidade Ademar desde 2018. Trabalha com criação de conteúdo para redes sociais e novas mídias. Curte cinema, arte e novas formas de contar histórias.
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