Com proliferação da doença e incertezas sobre como se manter, alguns optam por retorno para Bahia; cidade toma medidas de segurança
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Por: Redação
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Publicado em 30.03.2020 | 10:51 | Alterado em 27.02.2024 | 16:22
Com proliferação da doença e incertezas sobre como se manter, alguns optam por retorno para Bahia; cidade toma medidas de segurança
Tempo de leitura: 3 min(s)Moradora da Penha, zona leste da cidade, a autônoma Janete Gusmão, 43, decidiu voltar à cidade natal, Barra do Choça, no sul da Bahia. A pandemia do novo coronavírus foi o motivo da partida.
Instalada há uma semana na roça, Janete conta que está seguindo a quarentena por lá – recomendação médica para quem chega na cidade vindo de outros municípios. “Não quero causar tumulto na cidade. Tem que fazer as coisas corretas”.
No município, a agente de saúde Lucidalva Souza, 40, comenta a preocupação com quem chega em Barra do Choça, cidade que fica na região de Vitória da Conquista a 400 km de Salvador.
“Já temos casos confirmados e não sabemos quem está contaminado. É preocupante”, diz. A história delas foi contada no Em Quarentena, podcast da Agência Mural sobre a pandemia nas periferias.
Como medidas de prevenção, as autoridades locais proibiram o funcionamento de bares e policiais fiscalizam os comércios.
Ainda não é possível estimar se a tendência de deixar a capital, onde há 1.451 casos confirmados da doença, seja forte. Mas é um dos impactos da redução na renda de moradores que antes dependiam do trabalho informal.
Além disso, há incertezas sobre qual apoio o poder público irá oferecer para passar pelo período de crise. Até agora, foram anunciados pacotes pelo governo federal como ajuda emergencial de R$ 600 ou o crédito para micro e pequenas empresas de R$ 40 bilhões, para evitar demissões. Por enquanto, contudo, nenhum deles entrou em vigor.
O técnico em manutenção de celulares Wesley Viana, 25, seguiu o mesmo caminho de volta à terra natal. Ele vivia em Paraisópolis, segunda maior favela da cidade com cerca de 100 mil habitantes.
Apesar de dizer que não foi influenciado pela doença, admite que o receio de perder o emprego ajudou na decisão. “O patrão disse que não ia mais pagar”, resume.
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Após a escolha, admite que a possibilidade de estar junto da família e cuidar da roça que mantém em Barra do Choça são motivos que valem a pena. “Não estou correndo, foi para passar com a família. Tenho minha ‘rocinha’, um espaço a reformar”.
Por outro lado, a diarista Salete Fernandes, 52, diz que se imaginasse que a situação ficaria mais crítica teria tomado o mesmo caminho. “Tinha ido antes que fechassem as rodoviárias. Estou em casa há três semanas”, lamenta ela, que também vive em Paraisópolis.
Mãe de uma menina de cinco anos, ela comenta que na região em que vive, as pessoas ainda não se conscientizaram sobre as medidas de segurança, como o isolamento social. “Tem gente na rua o tempo todo. O mercado cheio de gente. O povo ‘está´nem aí’, com bares abertos, zuando”.
Para Janete, o governo de São Paulo deveria dar mais atenção às favelas e periferias no sentido de combater o vírus. “[O governo] tem que focar muito nas comunidades. O risco está aí, como aglomeração nas ruas, a falta de água”, comentou. “Não tem recurso financeiro para comprar álcool em gel e para manter a higiene correta”.
Para quem ainda tem recursos, tem sido difícil manter os cuidados. Realizado na semana passada, um levantamento da Agência Mural mostrou que dentre os 88 lugares da capital e da Grande São Paulo visitados pela reportagem, apenas 13 comércios tinham o álcool em gel.
Após o anúncio da pandemia, o produto tem sido indicado por especialistas médicos como medida para higienização das mãos – um dos cuidados para reduzir a velocidade de contágio.
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