Morador de Itaquera, Maikon Feba criou o Findog, aplicativo oferece ajuda para quem perdeu o pet ou quer fazer uma doação
Everton Pires/Agência Mural
Por: Everton Pires
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Publicado em 06.07.2020 | 18:41 | Alterado em 22.11.2021 | 16:15
Morador de Itaquera, Maikon Feba criou o Findog, aplicativo oferece ajuda para quem perdeu o pet ou quer fazer uma doação
Tempo de leitura: 3 min(s)Em uma rápida olhada numa página de moradores da zona leste de São Paulo, é comum aparecer compartilhamentos sobre animais de estimação desaparecidos e abandonados.
Moradora da Cidade Tiradentes, a auxiliar veterinária Carla Aparecida Fernandes, 37, publica com frequência pets para doação, abandonados e perdidos em suas redes sociais. Ela se lembra, por exemplo, de que foi difícil conseguir um lar para uma cachorra, vítima de maus tratos, que resgatou.
“Eu doava e a pessoa devolvia porque ela era hiperativa. Essa cachorra ficou com um olhar que cortava o coração”. No final das contas, Carla encontrou um abrigo para animais, mas teve que gastar com o transporte, vacinação e castração.
Foi com a inspiração de casos semelhantes a este que Maikon Feba, 27, morador da Vila Carmosina, criou o Findog, um aplicativo para smartphones que auxilia as doações e a procura por animais de estimação desaparecidos.
Maikon é analista de recursos humanos há dez anos. Em 2018, resolveu criar o aplicativo. A ideia dele foi agregar todos os ativistas e instituições da causa animal em um único lugar para aumentar a chance de encontrar um lar para os animais ou de alertar sobre algum pet abandonado.
Ele se define como um “daqueles loucos que passa a mão em qualquer cachorro que eu ver na rua. Se eu estou dirigindo e vejo um cachorro, fico buzinando para ele ir para calçada”.
Para desenvolver o aplicativo, fez um curso de desenvolvimento em Android e conta com apoio de Hygor Christian Dias, 24, morador de Brasília (DF), que assumiu a programação do App.
Eles nunca se conheceram pessoalmente. “Rolou uma empatia, ele curte bastante, tem dois cachorros. O que eu posso agradecer é que o valor cobrado não chega a ser um terço do que é cobrado em São Paulo hoje”.
No aplicativo, o usuário pode tirar fotos de algum pet e apontar no mapa o local que ele se encontra. É possível categorizar entre desaparecido, doação, abandonado. Atualmente, o Findog registra mais de 10 mil usuários para Android e 3 mil na versão recentemente lançada para IOs.
A ferramenta não tem fins lucrativos. Feba diz que não faz sentido cobrar pela causa. Cogita até entregar a plataforma para quem tiver recursos para alavancar o serviço. “Todo investimento que fiz não vai valer de nada se ele ficar restrito somente a minha pessoa. Se o App estiver nas mãos certas, de quem realmente faça a diferença, ele vai cumprir a sua proposta melhor”, explica.
O próximo passo poderia ser um marcador de denúncias, com a parceria de algum órgão governamental que pudesse investigar casos de agressão e abuso de animais. Atualmente, as denúncias recebidas são publicadas nas redes sociais do aplicativo, pela falta de recursos para realizar uma averiguação.
O aplicativo pode ser utilizado tanto por pessoas ou organizações não governamentais.
Como morador da periferia, Maikon enxerga que nas regiões mais afastadas do centro, as pessoas tendem a acolher melhor os animais em situação de rua. Tanto ele, como vizinhos e amigos, já colocou para dentro de casa algum cão ou gato que estava abandonado.
Mel, sua cachorrinha, ganhou até uma homenagem, sendo tatuada na perna direita de Maikon. Criar o app foi a forma de contribuir para um mundo melhor para os animaizinhos. “Você não precisa ter uma capa para ser um super-herói. Você pode ser um super-herói resgatando um animal e colocando para adoção”.
O QUE FAZ O MUNICÍPIO
A prefeitura de São Paulo oferece castração gratuita para cães e gatos desde 2001. Para evitar perdas, é obrigatório por lei municipal todos os cães e gatos a partir de 3 meses de vida possuírem o RGA (Registro Animal Geral). O pet recebe uma plaqueta de identificação para ser usada junto com a coleira. O serviço é gratuito.
O Centro de Controle Zoonoses conta com 25 canis e 20 gatis, onde cães e gatos recebem tratamentos e são disponibilizados para doação.
Os dois hospitais municipais existentes ficam localizados na Parada Inglesa, Zona Norte, e Tatuapé, Zona Leste. São oferecidos serviços gratuitos como consultas, cirurgias, exames laboratoriais, medicação e internação. Segundo Carla, o hospital falha pela demora no atendimento.
“Para garantir uma vaga é um parto, não consegue. Tem que chegar lá nove horas da noite para ser atendido seis horas da manhã no outro dia. E ainda corre o risco de não ser atendido”, reclama.
Jornalista, apaixonado por histórias, música, fotografia, futebol e pelo bairro. Correspondente de Itaquera desde 2019.
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