“Meu Pé de Laranja Lima” e “O escaravelho do diabo” são alguns clássicos que fazem parte da literatura infanto-juvenil
Por: Redação
Publicado em 18.07.2016 | 14:00 | Alterado em 18.07.2016 | 14:00
“Meu Pé de Laranja Lima”, de José Mauro de Vasconcelos, e “O escaravelho do diabo”, de Lúcia Machado de Almeida, são alguns clássicos que fazem parte da literatura infanto-juvenil.
Nenhuma dessas obras, no entanto, poderia ser encontrada em bibliotecas municipais nos distritos de Cidade Ademar e Pedreira, localizados na zona sul da cidade, segundo o Mapa das Desigualdades, estudo elaborado pela Rede Nossa São Paulo junto com o Ibope.De acordo com a pesquisa, a região não registra sequer a presença de uma biblioteca municipal.
Administrada pela subprefeitura de Cidade Ademar, ambos os distritos contabilizam mais de 400 mil habitantes, dos quais cerca de 50 mil estão na casa dos 7 a 14 anos, segundo o último Censo do IBGE.
Ao lado de Cidade Ademar, os distritos do M’Boi Mirim, também na zona sul, e de São Mateus, na zona leste, apresentam os menores índices quando o assunto é quantidade de livros em bibliotecas do município.
Em São Mateus, segundo o Mapa das Desigualdades, a quantidade de obras literárias infanto-juvenis é 82 vezes menor do que na Mooca, na região central da cidade, que ocupa o primeiro lugar no ranking. Dentre as 32 subprefeituras existentes na cidade, mais metade delas (17 no total), estão abaixo da média.
Já no âmbito da literatura adulta (para leitores acima dos 15 anos), as regiões de São Mateus, M’Boi Mirim e Cidade Ademar continuam a assumir as últimas colocações. No quesito, o distrito da Sé, no centro da cidade, atinge a primeira posição, com 1,32 de livros per capita.
Em nota, a Secretaria Municipal de Cultura do município afirma que é preciso considerar a existência das bibliotecas da rede CEU (que são abertas a toda a população e não apenas aos estudantes das escolas que compõem o complexo).
Além disso, ainda dentro do território da cidade de São Paulo, estão outros equipamentos e ações desenvolvidas por outros entes públicos e privados como o SESC-SP, a Secretaria de Estado da Cultura, as Universidades, bem como os programas de extensão como os ônibus-biblioteca e os pontos e bosques de leitura.
“A pesquisa fica muito prejudicada, pois descarta ações de fomento e acesso à leitura que são elementos fundamentais para avançar nas políticas de livro, leitura, literatura e biblioteca, sobretudo no campo da democratização”.
No entanto, para a relações públicas Thaís Brandão, 23, moradora de São Mateus, falta incentivo para que jovens tenham acesso à leitura. “A biblioteca mais próxima daqui fica no Aricanduva, só em lugares distantes. Descobri há pouco tempo que no CEU tem biblioteca. Mas quem conhece? As pessoas não sabem e não são incentivadas”, afirma.
A cidade de São Paulo concentra a maior rede de bibliotecas públicas municipais do país. Ao todo, são mais de 100 unidades administradas pela Prefeitura de São Paulo — oito vezes maior do que no Rio de Janeiro, que contabiliza 12 bibliotecas do município.
Desde dezembro de 2015, vigora a lei do Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca (PMLLB) que tem como princípio democratizar o acesso ao livro, a leitura, literatura e informação.
Ainda de acordo com a Secretaria Municipal de Cultura, ainda existem regiões na cidade que precisam de incremento na oferta de políticas públicas. “Neste sentido, contudo, avaliamos que o quadro é menos dramático do que demonstra este levantamento, que está inclusive desatualizado, pois não contempla os dois últimos anos”, pontua.
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